Câncer: o que o paciente não deve comer durante a quimioterapia
Reações ao tratamento do câncer podem ser potencializadas por alguns alimentos. Por isso, oncologistas recomendam ficar de olho na dieta
atualizado
Compartilhar notícia
Ter uma boa alimentação é chave para o funcionamento do organismo em todas as fases da vida, mas este papel se torna ainda mais crucial durante o tratamento de câncer. Pessoas que fazem quimio, radio ou imunoterapia passam por procedimentos que podem ser muito danosos ao corpo e se alimentar bem é chave para evitar os efeitos colaterais.
“O ideal é não fazer restrições bruscas na dieta habitual do paciente. Elas podem acelerar a perda de peso, que costuma ser uma consequência do tratamento, e dificultam a tolerância às terapias. A indicação é procurar a orientação de um nutricionista ou nutrólogo para ter uma alimentação saudável, mas evitando ao máximo as dietas restritivas”, explica a oncologista Fernanda Ronchi, do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie.
Cuidados gerais para pacientes com câncer
Na busca por uma alimentação mais saudável, porém, há uma série de cuidados que os pacientes com câncer devem ter. Eles devem ser tomados tanto para evitar a piora dos potenciais efeitos colaterais, como para evitar o adoecimento durante o tratamento, já que o sistema imunológico fica menos resistente às doenças oportunistas.
Por isso, o Guia de Nutrição para Pacientes e Cuidadores, feito pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), recomenda alguns cuidados gerais com a alimentação. Não devem ser consumidos:
- Bebidas alcoólicas;
- Embutidos ou carnes processadas, como salsichas e presunto;
- Suplementos alimentares de ervas e probióticos, especialmente se eles não fazem parte da dieta habitual;
- Alimentos crus, como saladas e frutas, quando fora de casa;
- Queijos com fungos, como gorgonzola e brie;
- Alimentos preparados com utensílios de madeira, como tábuas e colheres.
Mudanças da alimentação de acordo com efeitos colaterais
As mudanças na alimentação dos pacientes com câncer devem ser feitas de acordo com os possíveis efeitos colaterais que apareçam no tratamento. A nutróloga Andrea Pereira, da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc), recomenda alguns cuidados de acordo com os principais problemas de saúde:
Afta e mucosite: nos casos de aparecimento de aftas ou feridas na boca, o ideal é suspender alimentos muito quentes, com condimentos fortes, como pimenta, ou excesso de sal;
Diarreia: “Isso depende de cada paciente, alguns sentem piora com leite e derivados, outros com hortaliças, então é preciso avaliar qual alimento está iniciando a reação”, diz Andrea. Caso haja diarreia frequente, a indicação é evitar alimentos muito gordurosos ou café;
Constipação: “Aconselho aumentar o consumo de fibras para regular o funcionamento intestinal”, aconselha a médica. Suplementos e remédios indicados para intestino preso não devem ser usados sem avisar os médicos;
Náusea: o ideal é evitar alimentos com cheiros fortes ou muito gordurosos, que costumam desencadear o enjoo. “Para controlá-lo, podemos usar o gengibre e alimentos cítricos”, ensina Andrea;
Alteração no paladar: alguns pacientes relatam sentir sabores adocicados quando comem salgados ou um gosto constante de metal na boca, por exemplo. Nestes casos, respectivamente, o ideal é adicionar gotas de limão aos pratos e evitar comer carnes vermelhas. As alterações, porém, devem ser avaliadas caso a caso.
O que incluir na dieta?
A nutróloga ainda dá dicas do que é essencial incluir no prato. “É interessante preservar a massa muscular, porque isso interfere diretamente no prognóstico e reduz efeitos colaterais. Por isso, o consumo de proteínas é muito importante”, diz.
Ela ainda recomenda beber ao menos dois litros de água para garantir uma boa hidratação e manter uma rotina na hora das refeições, com horários fixos e calmos, sem cheiros fortes, para que a alimentação ocorra mais facilmente.
Siga a editoria de Saúde no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!