Câncer no pulmão aumenta em 4 vezes o risco de morte por Covid-19
O risco é maior em pacientes com mais de 60 anos em tratamento oncológico ou recebendo cuidados paliativos, segundo estudo
atualizado
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Pacientes com câncer de pulmão têm quatro vezes mais chances de morrer se forem infectados pelo novo coronavírus, e a possibilidade dobra em casos de câncer hematológico. Os achados são de um estudo com 411 pacientes realizado pelo A.C.Camargo Cancer Center, que apontou ainda que o risco é maior para pessoas com mais de 60 anos e que estão em tratamento ou recebendo cuidados paliativos.
No caso dos pacientes com câncer de pulmão, a Covid-19 pode ser mais letal por um conjunto de fatores.
“São pacientes que têm comorbidades, como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), e também tem a questão do tabagismo, que é comum nesses pacientes. O tratamento já é difícil e a Covid ainda leva à insuficiência respiratória”, explica Maria Paula Curado, chefe do Grupo de Epidemiologia e Estatística em Câncer do hospital.
Já os pacientes com câncer hematológico seriam impactados pela baixa imunidade causada pelo tratamento, especialmente a quimioterapia.
“Neste estudo, relatamos que pacientes com câncer hematológico tiveram 2,17 vezes a chance de morte por covid-19, o que é paralelo aos resultados de um estudo do Reino Unido. Pensa-se que os pacientes com cânceres hematológicos são mais vulneráveis a resultados graves devido à imunossupressão”, diz o estudo.
Maria Paula afirma que a pesquisa é importante para nortear os especialistas ao se deparar com pacientes com câncer infectados pelo vírus. “Se chegar um paciente com câncer hematológico ou de pulmão, tem de ter uma estratégia mais cuidadosa, mais atualizada.”
Fluxo separado
Os dados, recolhidos entre abril e agosto do ano passado, foram publicados em fevereiro e também apontaram que condutas para conter a disseminação do vírus em hospitais reduzem a mortalidade entre os pacientes com câncer.
No período avaliado, a taxa de mortes no hospital foi de 12,4%. De acordo com o estudo, outros levantamentos apontaram taxas maiores ou semelhantes. O Montefiore Health System, nos Estados Unidos, e o Gustave Roussy, na França, apresentaram taxas de mortalidade de 28% e 15%, respectivamente. O Memorial Sloan Kettering Cancer Center, também nos Estados Unidos, teve taxa de 9%
“A gente sabia que o mais importante era dar o atendimento. Não podemos abandonar o paciente com câncer, não pode ser excluído. Criamos o fluxo e comecei a investigar o que estava acontecendo nos outros centros de referência. No Inca (Instituto Nacional de Câncer), a taxa estava em 33%. É possível tratar paciente com câncer, com fluxo protegido e dinâmico. E os pacientes têm de se sentir seguros”.
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