Câncer no cérebro: medicamento mostra bons resultados em jovens
Estudo apresentado na Asco 2023, maior congresso sobre câncer, mostra que tratamento aumenta sobrevida de pacientes com tumores no cérebro
atualizado
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Chicago – Pesquisadores do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, de Nova York, descobriram que o uso de um novo medicamento – o vorasidenib – é capaz de atrasar a progressão do quadro de um tipo de tumor cerebral raro e diminuir o risco de morte de pacientes jovens. A abordagem atrasou o início de tratamentos convencionais, com radiação ou quimioterapia, melhorando o prognóstico de pessoas em idade ativa.
O estudo, apresentado neste domingo (4/6) no encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês), em Chicago, nos Estados Unidos, é apontado como um dos mais importantes desta edição do evento. O encontro anual da Asco reúne os maiores especialistas em câncer do mundo.
Os gliomas de grau 2 são tumores cerebrais malignos raros que se desenvolvem no sistema nervoso central (SNC), originados de células-tronco neurogliais ou células progenitoras. Eles são lentamente progressivos com um mau prognóstico a longo prazo.
Os tratamentos atuais disponíveis incluem cirurgia seguida de observação ou radiação e quimioterapia, que não levam à cura do paciente e estão associados a toxicidades de curto e longo prazo, podendo causar problemas de memória, declínio funcional e redução da fertilidade, por exemplo. Tais efeitos afetam a vida de pacientes jovens, com cerca de 40 a 50 anos, que estão vivendo as décadas mais produtivas da vida.
“Esses pacientes têm que fazer uma escolha quando recebem a prescrição para radiação ou quimioterapia. É uma decisão difícil de se tomar quando se tem 40 anos porque eles sabem que há alguns problemas cognitivos relacionados. Muitos hesitam ao tratamento e não há outras opções disponíveis, mas essa medicação pode ser uma saída”, afirmou o principal autor do estudo, Ingo K. Mellinghoff, ao Metrópoles.
Segundo Mellinghoff, o vorasidenib (VOR) – um inibidor duplo oral que penetra no cérebro – é uma medicação bem tolerada e eficaz, capaz de retardar os efeitos incapacitantes de longo prazo das terapias atuais.
Pesquisa
O estudo contou com a participação de 331 pacientes com gliomas de grau 2, com mutações IDH, submetidos anteriormente a cirurgia, mas nenhum outro tratamento complementar. Eles tinham entre 16 e 71 anos, e eram residentes de dez países distintos.
Cerca de 170 participantes receberam uma dose oral diária de vorasidenib e 160, um placebo em ciclos de 28 dias. Ao final da pesquisa, o vorasidenib foi relacionado ao aumento de 27,7 meses (pouco mais de dois anos) da sobrevida dos pacientes, sem a progressão da doença, em comparação com 11,1 meses daqueles que usaram o placebo.
Todos os recortes de subgrupos de pacientes da doença demonstraram ter se beneficiado pela terapia.
“Os resultados desse estudo são muito significativos. Eles sugerem que os pacientes com gliomas com mutações IDH podem potencialmente atrasar o uso de tratamentos tóxicos por alguns anos. Esses pacientes são geralmente jovens, trabalham, estão criando suas famílias. Tratamentos que afetam sua qualidade de vida podem trazer um preço alto”, comentou o médico e especialista ASCO, Glenn Lesser, ao Metrópoles. Ele foi um dos avaliadores dos resultados do estudo.
A repórter Bethânia Nunes viajou para Chicago, nos Estados Unidos, a convite da Bayer.
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