Câncer: métodos menos invasivos revolucionam maneira de tratar doença
Pesquisas avançam em busca de tratamentos menos tóxicos para o paciente do câncer, com benefícios para a qualidade de vida deles
atualizado
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As possibilidades de tratamento do câncer deram um salto importante nos últimos anos com o desenvolvimento de métodos menos invasivos para o paciente, como a terapia-alvo, que usa drogas que atacam especificamente as células doentes e preservam as saudáveis.
Os cuidados não passam mais obrigatoriamente pela quimioterapia ou radioterapia, técnicas que mudaram o curso do tratamento de tumores malignos no passado, mas oferecem alta toxicidade ao organismo.
Ao atacar o DNA da célula do tumor, elas acabam atingindo também as células de órgãos próximos, explica o oncologista Carlos Gil, diretor médico do Grupo Oncoclínicas e presidente do Instituto Oncoclínicas. “Todos tratamentos são tóxicos, mas esses atacam o DNA da célula do tumor para destruí-la e têm efeitos colaterais mais difíceis de controlar”, explica.
A terapia-alvo, por outro lado, age diretamente nas células doentes, causando menos toxicidade e efeitos colaterais ao organismo como um todo.
Medicina de precisão
A medicina de precisão, ou terapia-alvo, existe há cerca de uma década, mas vem ganhando cada vez mais investimento nos últimos anos. Ela se baseia no uso de medicamentos desenvolvidos para atacar moléculas específicas das células tumorais, reduzindo a atividade delas sobre as células saudáveis e os efeitos colaterais.
A partir do material coletado na biópsia para a confirmação do câncer é possível fazer o painel molecular, um exame que mostra as alterações no DNA/RNA. Com o resultado, o médico consegue avaliar as melhores possibilidades de tratamento para atingir especificamente essas alterações e controlar o tumor.
Com medicamentos direcionados para o perfil do câncer de cada paciente, é possível reduzir o número de sessões de quimioterapia e radioterapia a que ele seria submetido ou até mesmo excluí-las do protocolo sem prejudicar o resultado final do tratamento do câncer. O objetivo é garantir que o indivíduo tenha mais qualidade de vida.
Alguns dos trabalhos mais importantes apresentados no encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica de 2023 (Asco, na sigla em inglês) que aconteceu no começo de junho em Chicago, nos Estados Unidos, foram aclamados por apresentarem resultados positivos neste campo, com novas opções de medicamentos que reduzem a necessidade da indicação de quimioterapia ou radioterapia.
Personalização do tratamento
Na visão do oncologista Rodrigo Nery, médico da rede D’Or e do Hospital Universitário de Brasília (HUB), a tendência é que o tratamento do câncer se torne cada vez mais segmentado, levando em consideração o tipo e subtipo do tumor, mutação, localização e estágio da doença, por exemplo.
“É uma doença de tratamento muito complexo. É necessário fazer uma avaliação que envolva o oncologista, o patologista que analisa a biópsia, o radiologista para enxergar onde o tumor está e o que ele está afetando”, afirma Nery.
O oncologista Carlos Gil tem o mesmo entendimento. “A tendência é que daqui a 10 anos ninguém seja tratado sem saber qual é o perfil genético do câncer e suas características”, diz.
O médico afirma que os tratamentos da rede privada e pública ainda são muito diferentes, e ainda é necessário um grande investimento para que mais pessoas tenham acesso ao tratamento de ponta.
“Esse talvez seja o momento mais rico da oncologia nos últimos anos. Os pacientes não querem só viver mais, eles querem viver bem”, conclui.
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