Câncer do colo do útero: estudo traz avanços pela 1ª vez em 20 anos
Pesquisa feita em colaboração com oncologistas brasileiras mostra os benefícios de combinar a imunoterapia com o tratamento padrão do câncer
atualizado
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Uma nova esperança para pacientes com câncer de colo de útero de alto risco: pela primeira vez em 20 anos, um estudo mostra avanços no tratamento da doença. Em colaboração com oncologistas brasileiras, a pesquisadora Domenica Lorusso, professora de Obstetrícia e Ginecologia na Universidade Católica de Roma, na Itália, conseguiu demonstrar que a adição de imunoterapia ao tratamento padrão aumenta as chances de sobrevida livre de progressão das pacientes, representando o melhor controle da doença.
O uso do medicamento pembrolizumab (imunoterapia) poderia reduzir as chances de recidiva da doença e todas as implicações que ela traz na qualidade de vida e mortalidade das mulheres.
Os resultados animadores do estudo de fase 3 Keynote A-18 foram apresentados no congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica 2023 (ESMO), na Espanha, na sexta-feira (20/10).
Para a oncologista da Oncoclínicas Angélica Nogueira, uma das colaboradoras do estudo, este pode ser considerado um dia histórico no combate ao câncer do colo do útero. “Após mais de 20 anos sem avanços terapêuticos no cenário da doença localmente avançada, a análise revelou que o acréscimo da imunoterapia impacta significativamente a sobrevida”, afirma.
Imunoterapia no tratamento do câncer do colo do útero
O estudo contou com a participação de pacientes com tumor de alto risco no colo do útero. Elas foram separadas em grupos: um recebeu imunoterapia com o medicamento pembrolizumab associado à quimioterapia e radioterapia, e o outro, quimioterapia e radioterapia isoladas.
Para as mulheres que seguiram com o tratamento combinado com imunoterapia, os pesquisadores observaram um ganho estatisticamente significativo da sobrevida livre de progressão da doença.
O câncer de colo de útero é o terceiro tipo que mais afeta as mulheres no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). O tumor localmente avançado e de alto risco costuma ser mais difícil de controlar — mais da metade das pacientes apresentam recorrência da doença em dois anos, em média.
A oncologista Gabrielle Scattolin, da Oncoclínicas Brasília, acredita que o resultado da pesquisa pode levar a uma mudança nos protocolos atuais de tratamento.
“Este é um avanço importante. Por estar correlacionada a poucos efeitos colaterais e aumentar as chances de controle da doença, a imunoterapia tem um impacto positivo na qualidade de vida das pacientes”, explica a médica.
A terapia estimula o sistema imune do próprio paciente a combater o tumor e já faz parte do tratamento de câncer de colo de útero, mas atualmente é indicada somente nos casos metastáticos e em situações específicas, dependendo das características da doença.
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