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Câncer de próstata: quando fazer o bloqueio de testosterona?

Cenário mais favorável para o tratamento ocorre quando o diagnóstico é precoce e as intervenções com medicamentos são pontuais

atualizado

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Foto mostra oncologista indicando a próstata para um paciente. Câncer de próstata: saiba quando o bloqueio de testosterona é indicado
1 de 1 Foto mostra oncologista indicando a próstata para um paciente. Câncer de próstata: saiba quando o bloqueio de testosterona é indicado - Foto: Getty Images

O envelhecimento da população e a piora dos hábitos de vida estão levando os casos de câncer de próstata a aumentar. Um relatório recente publicado na revista The Lancet aponta que os diagnósticos desse tipo de tumor vão dobrar nos próximos 20 anos, passando de 1,4 milhão para 2,9 milhões.

O oncologista Daniel Herchenhorn, que participou da elaboração do artigo para a publicação científica, explica que, atualmente, a comunidade médica vem buscando alternativas para o tratamento do câncer de próstata com bloqueio contínuo de testosterona.

“Em alguns casos, os impactos do tratamento escolhido para a doença podem ser piores que o próprio câncer”, afirmou Herchenhorn, durante o IX Congresso Internacional de Oncologia D’Or, que foi realizado no Rio de Janeiro, entre os dias 12 e 13 de abril.

“O tratamento quimioterápico do câncer de próstata envolve, em geral, o uso de bloqueadores de testosterona, que trazem mudanças hormonais pesadas para o organismo. As alterações, muitas vezes, duram anos, e acabam gerando mais riscos à vida dos pacientes do que benefícios, especialmente com ameaças de graves incidentes cardíacos”, alertou o especialista.

Para ele, os bloqueadores devem ser usados quando a doença já está mais avançada ou em pacientes jovens, que poderão ser mais gravemente afetados por complicações do câncer.

Quais os efeitos do uso de bloqueadores de testosterona?

O bloqueio de testosterona em pacientes com câncer de próstata é adotado, pois os tumores se alimentam deste hormônio e, ao deixar de produzi-lo, o corpo realiza uma espécie de “castração química” dos tumores.

Com o tempo, porém, a próstata consegue se tornar tolerante ao bloqueador, e é necessária uma rotação de medicamentos. “Os pacientes ficam muito tempo usando medicações, o que eleva muito o risco de doenças cardiovasculares graves”, aponta.

O especialista aponta que o melhor cenário ocorre quando o câncer é diagnosticado em estágio inicial, isso permite que a evolução dele seja monitorada e o uso dos remédios ocorra de maneira pontual.

Homem segurando laço símbolo do câncer de próstata
O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum de neoplasia entre homens brasileiros, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma.

As complicações do uso contínuo de bloqueadores são de curto e de longo prazo. No curto prazo, há sensações de calor súbito, fadiga e disfunção sexual. A longo prazo, aparecem quadros mais graves como anemia, osteoporose, diabetes e complicações cardíacas.

Não se sabe exatamente a dimensão do impacto cardíaco do tratamento contra o câncer de próstata. Os estudos mais amplos feitos sobre o tema mostraram uma leve prevalência de mortes entre homens que receberam o tratamento, mas não a ponto de indicarem com exatidão os riscos, pois o infarto já costuma ser a principal causa de morte de homens idosos, público mais atingido pelo câncer de próstata.

Para Herchenhorn, os efeitos colaterais só devem ser considerados aceitáveis quando a doença está mais avançada. O médico lembra, entretanto, que essa é um questão particular que deve ser discutida com o paciente e seu médico de confiança.

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