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Câncer de pele: médicos alertam para queda de 48% em exames de diagnóstico

Levantamento da Sociedade Brasileira de Dermatologia mostra que pandemia está adiando tratamentos

atualizado

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câncer de pele
1 de 1 câncer de pele - Foto: miriam-doerr/istock

De acordo com um levantamento divulgado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), nesta terça-feira (1°/12), a quantidade de exames para detectar câncer de pele caiu 48% em 2020 em relação ao ano anterior. Enquanto entre janeiro e setembro de 2019, foram feitos 210.032 testes, neste ano, foram realizados 109.525 exames no mesmo período. A queda é especialmente maior entre mulheres e pessoas entre 10 e 54 anos.

O número de exames também teve baixa principalmente nas regiões Sudeste (54%) e Nordeste (45%). A SBD avalia que o medo de contaminação pelo coronavírus afastaram a população dos hospitais e consultórios médicos, principalmente, após as recomendações de isolamento social.

Segundo Jade Cury, coordenadora do departamento de oncologia cutânea da SBD, o problema no atraso, além de possibilitar uma piora no quadro do paciente e dificultar o tratamento, é que a demanda reprimida precisará ser absorvida no próximo ano.

“Com a pandemia, as cirurgias essenciais foram suspensas e será preciso encaixá-las em 2021. Porém, a demanda já é muito grande e é difícil de ser atendida normalmente. O aumento vai precisar de medidas para acomodar os pacientes”, explica.

Com a alta demanda, uma das preocupações dos profissionais será adequar a lei dos 60 dias – que estabelece o direito do paciente de começar o tratamento de câncer em até 60 dias depois do diagnóstico – à realidade de um sistema de saúde que será fortemente exigido.

Além de necessidade de espaço físico nos centros cirúrgicos para os procedimentos, deve ser preciso reforçar a rede de profissionais de saúde. “Não é só a dermatologia que está com casos atrasados, vamos ter que buscar maneiras para contornar a situação. Esta pandemia é algo sem precedentes”, afirma a médica.

O cenário também preocupa o Ministério da Saúde, que encara a necessidade de lidar com os casos represados de 2020 em 2021 como a verdadeira segunda onda da pandemia.

Câncer de pele

Considerado um dos cânceres mais comuns no Brasil e no mundo, o câncer de pele é uma ameaça que se torna ainda mais real com a aproximação do verão. Segundo Rogério Izar Neves, cirurgião oncológico especialista em oncologia cutânea e professor de cirurgia, dermatologia e farmacologia na Pennsylvania State University, a doença tem possibilidade alta de cura, desde que identificada no início.

Classificada como melanoma (quando tem origem nos melanócitos, células produtoras de melanina, substância que determina a cor da pele) ou não melanoma (carcinomas), a doença costuma acometer mais pessoas brancas, ruivas e de olhos claros. Em pessoas negras, é mais comum o câncer relacionado à produção de melanina e os sinais aparecem em áreas incomuns, como a sola do pé, palma da mão, debaixo das unhas ou na área branca dos olhos.

Responsável por cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no Brasil, o câncer de pele melanoma mata mais que o tipo carcinoma.

Neves explica que detectar a doença precocemente é crucial para um tratamento de sucesso. Quanto mais se retarda o cuidado, maior a chance de complicações durante a cirurgia (no caso de carcinomas) e de metástase (mais comum em melanomas).

Segundo o médico, é importante prestar atenção em áreas da pele que ficam expostas e mudaram de cor ou forma, formaram crosta, coçam ou doem, feridas que não cicatrizam naturalmente ou sangram.

“O tratamento ideal é o cirúrgico: você opera e tira o tumor, e essa ação traz cerca de 100% de chance de cura. Outras opções não tão eficazes para alguns tumores são radioterapia ou métodos de destruição com nitrogênio líquido”, ensina.

Neste dezembro laranja, mês que chama a atenção para o câncer de pele, Jade Cury afirma que o conselho da SBD é que pacientes com lesões suspeitas voltem a procurar os dermatologistas. “Os atendimentos voltaram a acontecer com medidas de segurança na rede pública e privada. As cirurgias já estão sendo marcadas. O futuro é incerto, mas esperamos que os procedimentos não sejam suspensos novamente”, explica.

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