Câncer de mama: saiba quais são os subtipos de tumores
Oncologistas explicam que o câncer de mama pode ser dividido em quatro subtipos. Tratamento depende da identificação do tipo de tumor
atualizado
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Gramado (RS) – Depois dos tumores de pele, o câncer de mama é o que mais acomete pessoas no mundo. Para evitá-lo, é fundamental tratar a doença de forma eficiente — o caminho escolhido para o combate depende diretamente do subtipo da doença.
O câncer de mama tem quatro sobrenomes, dependendo da forma como reage à exposição aos hormônios femininos. Alguns deles se alimentam da progesterona e do estrogênio, mas outros, não. Os que crescem com este contato são os chamados tumores luminais: eles são divididos em A e B e correspondem a cerca de 70% dos casos. Os outros dois tipos têm origens variadas, incluindo até comorbidades.
A oncologista Maria Cristina Figueroa, do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM), de Curitiba (PR), aponta que essas divisões são importantes para definir o tratamento.
“O câncer de mama é um conjunto de doenças, é um nome que tem vários sobrenomes. É como pensar no arroz: existe o branco, o integral, o preto. São todos tipos de arroz, mas eles têm sabores diferentes e cozinham de forma diferente. O tumor é o mesmo, mas é preciso entender com qual especificamente estamos lidando para pensar em como tratar”, explica.
Veja os tipos de câncer de mama:
Luminal A – É um dos tipos de tumores que se alimenta dos hormônios, mas tem uma progressão mais lenta. Maria Cristina compara o impacto destes tumores a um gato: agressivo, mas de pouca ameaça à vida por progredir lentamente. “Geralmente identificamos estes tipos de tumores em idosas. Quem os tem até chega a se acostumar com sua presença pela progressão mais lenta”, aponta.
Luminal B – A oncologista explica que este também é um tipo de tumor hormonal, mas o relaciona a um leão. Ele progride de forma rápida, tem alta taxa de replicação, e corresponde à maioria dos casos que exigem cirurgias rápidas, já que os tumores luminais acabam respondendo melhor quando são completamente retirados antes de seguir com outras terapias.
HER2 – É um dos tipos de tumor que não se alimenta de hormônios. Ele cresce a partir de uma proteína chamada HER2, que envolve as células da mama. A melhor forma de tratamento costuma ser a quimioterapia, mesmo nos casos de câncer com tamanho grande.
Triplo negativo – É o tipo de tumor que não é nem luminal, nem HER2. Corresponde a cerca de 10% dos diagnósticos e não se sabe exatamente como surge: em muitos casos, pode ter origem genética e geralmente aparece em mulheres jovens. Em geral, o triplo negativo é muito invasivo e tem opções mais limitadas de tratamento.
Além dos tipos de tumor, claro, pesam no tratamento outros fatores como a idade do paciente, seu perfil clínico e o estágio em que a doença foi descoberta. Para a mastologista Maira Caleffi, chefe do Núcleo de Mama do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS), e presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), não descobrir o sobrenome do câncer é um dos principais gargalos para o tratamento no Brasil.
“Saber o subtipo de tumor é básico para tratar o paciente e precisamos entender seu perfil genômico para isso. Não adianta aplicar o mesmo tratamento a todas as pessoas, não é algo padronizável. A gente precisa de informações básicas e essa é uma das principais”, afirma Maira.
Como é feita essa identificação?
O tipo de câncer é identificado por um exame chamado imunohistoquímica. Durante o 2º Encontro da Academia para Mídia e Pacientes em Informação e Ciência, realizado em Gramado (RS) nessa quinta-feira (24/8), houve uma forte defesa dos oncologistas para que o exame seja sempre feito em conjunto com a biópsia do tumor.
A biópsia é realizada com uma amostra retirada do tumor para avaliar se ele é benigno ou maligno, por exemplo. A imunohistoquímica é feita depois desse teste, apontando exatamente qual é o subtipo de cada câncer. No entanto, nem sempre os dois exames são pedidos em conjunto.
“O exame de imunohistoquímica deveria ser uma exigência depois de todas as biopsias. É um absurdo que em muitos casos seja necessário fazer dois pedidos no SUS e esperar até 30, 40 dias entre um exame e outro. Estamos perdendo tempo precioso”, diz Maira.
Maria Cristina complementa: “Não é algo supérfluo, é fundamental para definir a estratégia de conduta. Porém, não está acessível a todos como deveria”, lamenta.
O repórter viajou a convite da Novartis.
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