Câncer de mama com alta carga de mutação responde à imunoterapia
Pesquisa feita com pacientes com tumores metastáticos demonstra que o uso de imunoterápicos pode ser uma boa alternativa de tratamento
atualizado
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Um avanço científico importante para o tratamento do câncer de mama foi alcançado pelo oncologista Romualdo Barroso-Sousa, que atende no Hospital Sírio Libanês de Brasília e fez pós-doutorado no Dana-Farber Cancer Institute, da Harvard Medical School, dos Estados Unidos.
O médico descobriu que a imunoterapia pode ser uma alternativa eficiente para aumentar a expectativa de vida de pacientes com câncer de mama metastático cujos tumores apresentam grande número de mutações. Os resultados foram apresentados nessa semana durante sessão plenária do San Antonio Breast Cancer Symposium, o mais importante congresso mundial sobre câncer de mama, que ocorre anualmente no Texas, nos Estados Unidos.
“São pacientes que possuem poucas possibilidades de tratamento devido ao estadiamento do tumor”, explica o médico. “Em nossa pesquisa, o uso de dois imunoterápicos combinados conseguiu uma taxa de sucesso de 60% para fazer tumores com altas taxas de mutações regredirem e mantê-los sem avançar “, relata Romualdo Barroso-Sousa.
A pesquisa realizada pelo oncologista brasileiro segue a tendência mundial de buscar tratamentos contra o câncer cada vez mais personalizados – mais eficazes e menos agressivos. A oncologia de ponta busca protocolos específicos para grupos de pacientes cujos tumores tenham as mesmas características, reconhecendo que o câncer não é uma única doença, mas várias. “O desafio na nossa área tem sido encontrar o tratamento mais adequado para cada tipo de manifestação tumoral”, explica o oncologista.
A pesquisa
Neste caso, 30 pacientes – todas com câncer metastático e tumores hipermutados – receberam uma combinação dos medicamentos nivolumabe com ipilimumabe. Após o fim do tratamento, verificou-se que 60% das portadoras de tumores com maior número de mutações (14 mutações por megabase – de acordo com a linguagem técnica da área), apresentaram redução significativa e sustentada das neoplasias.
Um ano depois, todas as pacientes que apresentaram redução nos tumores estavam vivas – sendo que 45% das mulheres que apresentam tumores do tipo avaliado costumam morrer em um ano. “A conclusão do trabalho é que os imunoterápicos podem ser uma boa alternativa à quimioterapia para este grupo de pacientes”, explica Romualdo Barroso-Sousa.
Próximos passos
Considerando que o câncer de mama é o mais prevalente em mulheres – excetuando os melanomas de pele, e que 10% do universo de pacientes apresentam tumores com grande número de mutações, a descoberta tem um valor significativo.
A próxima etapa da pesquisa, que vem sendo desenvolvida nos últimos cincos, será ampliar o grupo de voluntárias para checar se a taxa de eficácia do protocolo se mantém.