Calor pode matar de 27 formas diferentes, segundo a ciência. Entenda
Com o crescimento das ondas de calor, especialistas alertam que doenças cardiovasculares e respostas fisiológicas serão mais mortais
atualizado
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O Brasil entrou, nesta quinta-feira (14/12), na nona onda de calor de 2023, com temperaturas que devem superar os 40ºC na maior parte do país. Os impactos das temperaturas extremas na saúde são conhecidos e podem até levar à morte. Porém, não é apenas a desidratação que é perigosa diante da alta dos termômetros: o calor pode matar por pelo menos outras 26 formas.
Um estudo, feito por geógrafos e médicos da Universidade do Havaí e publicado na revista Circulation em 2017, revisou outras pesquisas científicas em bancos de dados médicos para identificar todas as doenças causadas pelo calor e que podem matar.
No total, os cientistas identificaram cinco mecanismos fisiológicos desencadeados pela exposição ao calor e que podem levar à morte: isquemia, citotoxicidade térmica, resposta inflamatória, coagulação intravascular disseminada e rabdomiólise (ruptura do tecido muscular esquelético, que libera proteínas no sangue e causa danos aos rins).
Além disso, sete órgãos vitais podem ser criticamente afetados pelas temperaturas e entrar em falência: cérebro, coração, intestino, rins, fígado, pulmões e pâncreas.
Os mecanismos fisiológicos combinados com as falências de órgãos gerariam 35 combinações possíveis de quadros mortais. Foram encontradas evidências médicas de que 27 delas já ocorreram, todas relacionadas ao calor.
“Essas 27 maneiras de morrer durante uma onda de calor foram identificadas quando o aquecimento global ainda é menor que 1°C. Por isso, devemos pensar no risco aumentado e no surgimento de novas formas quando as temperaturas subirem ainda mais”, conclui o estudo.
Como cada quadro ocorre?
Os cinco quadros mortais funcionam de forma integrada e apesar de todos serem mortais, estão elencados em uma escala de gravidade.
O calor altera o funcionamento cardiovascular do organismo, dilatando os vasos sanguíneos para levar sangue para a pele. Este desvio pode fazer com que o fluxo de sangue deixe de passar pelos órgãos, gerando isquemias, ou a própria célula pode sofrer um desequilíbrio com o aumento das temperaturas, quadro chamado de citotoxicidade pelo calor.
A citotoxicidade térmica e a isquemia também podem quebrar as membranas celulares, aumentando a permeabilidade dos órgãos a patógenos e toxinas, o que aumenta as inflamações, especialmente do pâncreas, cérebro e intestino.
A inflamação sistêmica, a isquemia e a citotoxicidade térmica, combinados, podem desencadear outro mecanismo prejudicial denominado coagulação intravascular disseminada, tornando as proteínas de coagulação excessivamente ativas e, de certa forma, cristalizando o sangue. A coagulação extrema pode levar ao rompimento de vasos e à hemorragia potencialmente fatal.
O quinto mecanismo identificado, a rabdomiólise, ocorre quando a citotoxicidade pelo calor ou a isquemia destroem as células do músculo esquelético, liberando mioglobina no corpo. Esse componente é tóxico para os rins de forma extrema.
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