Calor ajuda, mas não é capaz de deter a pandemia. Entenda
Pesquisadores analisaram como o coronavírus se propagou na Espanha cruzando com informações sobre temperatura e umidade das localidades
atualizado
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Em meados de fevereiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, levantou a hipótese de que, com o aumento da temperatura durante a primavera e o verão do Hemisfério Norte, o coronavírus acabaria. Um estudo recente feito pela Agência Meteorológica do Estado (Aemet) da Espanha indicou que temperaturas mais altas de fato reduzem a capacidade de propagação do vírus, mas não são suficientes para interromper as contaminações.
Em entrevista para o El País, o porta-voz da Aemet, Fernando Belda, informou que foram encontrados os primeiros indícios de um padrão entre as temperaturas mais baixas e o aumento de contágio do coronavírus. “Estamos observando um padrão: quanto menor a temperatura, maior o dano”, afirmou.
A equipe de pesquisadores acompanhou por de 14 dias o comportamento do coronavírus nas comunidades autônomas do país, o equivalente ao que seriam os estados no Brasil. Os pesquisadores espanhóis analisaram a relação entre a temperatura média dos lugares e o número de infecções registradas a cada dia para grupos de 100.000 habitantes.
A conclusão do trabalho foi de que “altas temperaturas e elevada umidade reduzem significativamente a transmissão da Covid-19”. Mas, os próprios autores alertam que o tema precisa ser aprofundado. “São resultados preliminares. Outros fatores que influenciam a possível sazonalidade da propagação devem ser levados em consideração, além das condições ambientais. A atividade humana, medidas de contenção, densidade populacional, entre outros, exercem influência decisiva”, afirma a epidemiologista Cristina Linares, que participou da pesquisa.
O médico Harvey Fineberg, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, afirmou recentemente que algumas evidências sugerem que o vírus que provoca a Covid-19 poderia ser transmitido com menos eficiência em ambientes com temperaturas e umidade mais altas, mas ressaltou que a população mundial ainda não tem a imunidade necessária para combater a doença e “os outros coronavírus que causam doenças humanas potencialmente graves, como os vírus Sars e Mers, não mostraram nenhum comportamento sazonal”. (Com informações do El País)