Pela 1ª vez, Brasil identifica casos de pessoas infectadas por duas cepas de coronavírus ao mesmo tempo
Coinfecção foi detectada em dois moradores do Rio Grande do Sul e indica que a circulação do vírus vem aumentando cada vez mais
atualizado
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Pesquisa feita pelo Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), do Rio de Janeiro, em parceria com o Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale, no Rio Grande do Sul, identificou, pela primeira vez, casos de pessoas que foram infectadas por duas linhagens distintas do coronavírus ao mesmo tempo.
De duas cidades diferentes no Rio Grande do Sul, ambos os pacientes tiveram casos leves da Covid-19 em novembro e não precisaram ser internados. Nos dois, foi encontrada a linhagem P2, que surgiu no Rio de Janeiro e tem a mutação E484K, associada a uma melhor capacidade do vírus de escapar do sistema imunológico.
“A coinfecção mostra que há a possibilidade de recombinação de genomas do vírus. Esse mecanismo está na base da geração de novos coronavírus na natureza. Possivelmente, foi assim que o Sars-CoV-2 passou de morcegos para seres humanos. Esses casos do Sul mostram que a evolução do Sars-CoV-2 pode estar acelerando, e são mais um sinal de alerta”, explicou o virologista Fernando Spilki, coordenador do estudo, ao jornal O Globo.
A possibilidade de exposição a duas linhagens ao mesmo tempo mostra que o vírus está circulando livremente pelo país. O pesquisador afirma que o quadro é preocupante, pois propicia que as variantes se combinem em pessoas infectadas e criem uma cepa ainda mais resistente.
“As pessoas com Covid-19, mesmo que branda, precisam saber que realmente é necessário se resguardar. E são as aglomerações que permitem ao vírus se espalhar como bem entende. A vacinação precisa ser muito mais rápida do que temos visto para conter a pandemia”, esclarece Spilki.
A pesquisa também identificou mais uma variante do coronavírus no território nacional, entre as outras 90 amostras do Rio Grande do Sul.