Brasileiros desvendam assinatura genética do câncer de mama
A informação é muito importante pois pode ser usada como norteadora para a prescrição de tratamentos
atualizado
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Um grupo que reúne pesquisadores brasileiros e canadenses conseguiu descobrir uma espécie de assinatura genética que ajuda a avaliar a gravidade de certos tipos de câncer de mama. A informação é muito importante pois pode ser usada como norte para a prescrição de tratamentos aos pacientes.
Financiada pela Fapesp, a pesquisa foi publicada na revista Plos Genetics na terça-feira (17/12/2019) e faz parte de um programa maior de estudos que vem sendo desenvolvido no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP). O ponto de partida foi a caracterização dos genes envolvidos na angiogênese – processo de formação de vasos sanguíneos – que antecede tanto a formação de tumores como a de retinopatias (doenças na retina).
Em um primeiro momento, os pesquisadores do Instituto de Química identificaram 153 genes que aparecem alterados entre retinas normais e retinas patológicas em camundongos. A partir dessa lista, foram identificados os 149 genes humanos equivalentes. E, então, técnicas de aprendizado de máquina e bioinformática foram usadas para criar um modelo que permitisse cruzar as informações genéticas com um banco de dados de 2 mil pacientes de câncer.
O resultado foram os 11 genes-chave – que funcionam como uma assinatura do processo angiogênico e tem capacidade de prever se um câncer de mama tem maior ou menor risco de ter recidiva. “A partir da assinatura genética, é possível prever como o tumor se desenvolverá, se é menos ou mais agressivo. Informações assim são essenciais para a prescrição do tratamento”, detalha o pesquisador Rodrigo Guarischi de Sousa, principal autor do trabalho publicado, que, atualmente, está no grupo de diagnósticos Dasa.
Os 11 genes mapeados estão presentes em todos os tipos de câncer de mama. A variação de como eles se expressam permite classificar um tumor como maior ou menor risco de recidiva. “O que observamos é que nossa assinatura funciona melhor para cânceres que têm a classificação histológica Luminal-A, Luminal-B e Basal e, por enquanto, não tão bem para os que são classificados como HER2 e normal-like”, detalha Rodrigo.
O método será aperfeiçoado e, a longo prazo, a expectativa é criar tratamentos que atuem diretamente sobre os genes que compõem a assinatura genética.