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Brasil corre o risco de emendar 2ª onda de Covid-19 na 1ª, dizem especialistas

Festas de fim de ano, somadas à fadiga da quarentena, podem levar o país a um novo pico da doença, caso a população não mude o comportamento

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Descontaminação da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida
1 de 1 Descontaminação da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A temida segunda onda de Covid-19, que alcançou a Europa e os Estados Unidos com aumento nos números de casos confirmados e óbitos, aproxima-se do Brasil sem que o país sequer tenha saído da primeira onda, é o que apontam especialistas ouvidos pelo Metrópoles.

Nas últimas semanas, houve inconsistências nos dados sobre a Covid-19 reunidos pelo Ministério da Saúde devido a falhas na plataforma tecnológica. O represamento das informações pode ter impactado no aumento nas médias móveis de óbitos da doença. No entanto, hospitais particulares e públicos de algumas capitais do país voltaram a sentir a pressão provocada pela Covid-19 e laboratórios particulares confirmaram aumento na demanda e na positividade dos testes.

“Com 400, 500 mortes por dia, eu não diria que saímos da primeira onda. Eu diria que continuamos inundados e, agora, ao que tudo indica, o nível da água está aumentando”, afirma o médico sanitarista Claudio Maierovitch, da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz).

O especialista alerta que o fim do ano, com as tradicionais confraternizações e reuniões de família, pode ser a gota d’água para um novo pico da doença. “Ainda em março, o Brasil deixou de tomar as medidas necessárias para o controle da pandemia, a população ficou completamente desamparada pelas autoridades em relação às orientações de saúde, a vigilância epidemiológica não funcionou, os governadores e prefeitos, por sua vez, foram diminuindo os níveis de alerta”, relata.

A bióloga Natália Pasternak, do Instituto Questão de Ciência, concorda que o país deve esperar por um novo pico de casos se as medidas de prevenção não voltarem a ser seguidas pela população. “A segunda onda na Europa foi relacionada ao verão, quando muitas pessoas — especialmente os jovens — viajaram, reuniram-se em bares e descuidaram da proteção. Nestes últimos dias, vimos algo parecido no Brasil, sobretudo entre as classes mais altas, porque as pessoas estão absolutamente exaustas em relação à quarentena”, afirma.

Contudo, a especialista alerta que, em um cenário onde as pessoas não estão imunizadas e nem tão cedo serão, é ilusório voltar a ter vida social sem esperar que a transmissão do coronavírus aumente. “A tendência é vivermos um novo pico da doença. Não teremos essa segunda onda tão caracterizada, pois estávamos em um platô bastante alto, mas o aumento de casos está se prenunciando com o crescimento de internações e dos testes laboratoriais. Caso as pessoas não se conscientizem, certamente, vamos repetir a Europa”, avisa.

Fadiga do lockdown

O epidemiologista Bernardo Horta, da Universidade Federal de Pelotas, afirma que a “fadiga do lockdown” é um fator determinante neste momento. Após muito tempo com a liberdade restrita, as pessoas estão descuidando das medidas de prevenção. Ele, entretanto, reforça que, até a vacinação, não haverá outra maneira de se proteger, que não seja evitando aglomerações, usando máscaras e mantendo o distanciamento social.

Sobre a segunda onda, Bernardo afirma que o Brasil são vários Brasis e, portanto, o esperado é que a doença assuma dinâmicas distintas nas diferentes regiões, de acordo com o comportamento das populações locais. No entanto, ele também reforça que se novembro, dezembro e janeiro forem meses de festas, viagens e aglomerações, a 2ª onda chegará antes de termos controlado a 1ª. “Até aqui não implantamos restrições tão severas assim, pode ser que elas venham a ser necessárias”, completa.

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