Brasil tem 30 fábricas de vacina para gado e só duas para humanos
Regulamentação da área é feita pelo Ministério da Agricultura e autossuficiência aumenta a competitividade
atualizado
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Durante a pandemia de coronavírus, a dependência do Brasil para a fabricação de vacinas ficou escancarada: o país precisa importar quase todos os componentes necessários para a produção de imunizantes, e funciona, hoje, basicamente como uma indústria de envaze. No momento, só há duas fábricas, a Bio-Manguinhos e o Butantan.
Mas, se o cenário é apertado na produção de vacinas para imunização de humanos, ele muda muito quando se fala de uso veterinário. Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), o Brasil tem 30 fábricas de vacinas para gado. Enquanto o governo importa os produtos para a população, 90% dos imunizantes para aplicar nos rebanhos brasileiros são produzidos em território nacional.
“Todo o processo de fabricação, da semente de trabalho do vírus vivo ao envase e distribuição, é feito aqui. Para mais de 90% das vacinas voltadas a gado, o ciclo completo de produção ocorre em território brasileiro”, diz, em entrevista à BBC News Brasil, o vice-presidente executivo do Sindan, Emílio Salani.
A razão para isso é que o setor veterinário é regulamentado pelo Ministério da Agricultura, que tem regras bem menos rígidas do que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Como o país é líder internacional na exportação de carne bovina, é mais vantajoso que os imunizantes sejam produzidos em território nacional.
O setor também foi expandido após a necessidade de produção de vacina contra a febre aftosa — o Brasil tem 220 milhões de cabeças de gado, que precisam tomar duas doses do imunizante. “Faz 30 anos que somos autossuficientes nas principais vacinas para rebanho brasileiro. Vacinação é sinônimo de competitividade”, afirma Salani.