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Brasil é um dos países com mais mutações do coronavírus, diz estudo

Pesquisadores brasileiros registraram 1 nova mutação a cada 278 amostras. O número é muito maior do que na Europa, que tem 1 a cada 1.046

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Um estudo conduzido por cientistas brasileiros revelou o que a população já imaginava: a ampla disseminação do Sars-CoV-2 está aumentando a capacidade de desenvolvimento do vírus. Os pesquisadores publicaram um artigo no periódico Viruses, na última sexta-feira (10/9), registrando um cenário ainda mais preocupante. Segundo eles, o Brasil, junto com a África do Sul, está entre os países que mais têm mutações do novo coronavírus no mundo.

O levantamento, realizado em cinco regiões do país entre março de 2020 e junho de 2021, mostra que o vírus tem se espalhado mais por aqui. O estudo encontrou uma nova mutação a cada 278 amostras. O número é muito maior do que na Europa, por exemplo, onde a frequência é de uma a cada 1.046 amostras.

O pesquisador do Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo (RS), Fernando Spilki, afirmou ao UOL que as mutações do vírus são decorrentes da diversidade e dos ambientes propícios para a transmissão.

“Com o vírus tendo todo o espaço disponível para se multiplicar e infectar pessoas, a gente tem visto que isso acaba se refletindo em um registro de diversidade maior. Foi o que o estudo encontrou particularmente no Brasil. Com tanta diversidade, enxergamos a geração de um número de mutações bastante grande, e elas podem dar origem a novas variantes ao longo do tempo”, afirmou.

Variante Gama

Segundo a análise, desde janeiro, a variante Gama é a cepa dominante e a responsável pela maioria dos casos no Brasil. Em alguns estados, como no Amazonas, essa variante, que carrega um número muito maior de mutações, se instalou durante a segunda onda. “A gente foi capaz de descrever uma série de variantes que ficaram, e outras que foram transitórias nesse período, demonstrando que o Brasil, por não ter adotado medidas mais restritivas de circulação de pessoas, permitiu que a circulação do vírus acontecesse”, completou o pesquisador Spilki.

Os cientistas identificaram também que, além da Gama, outras 60 linhagens de Sars-CoV-2 foram identificadas no país até junho deste ano. Fato que, segundo o cientista, é bem preocupante, já que o Brasil ainda não segue bem os protocolos de combate ao vírus como uso de máscaras e distanciamento social.

“Em termos de acúmulo de mutações, é notável o nosso número. É impressionante como esses países [Brasil e África do Sul] conseguiram, ao longo do tempo, permitir um acúmulo de mutações maior que a média, em um processo que leva à formação de variantes. Tivemos sistemas de distanciamento social parciais, e isso acaba propiciando esses eventos de mutação —que precisam de muitos hospedeiros para que ocorram”, completou o pesquisador.

Além do Brasil e da África do Sul, a Índia também está na lista dos países que mais têm mutações do coronavírus. Ainda segundo a análise, hoje, das quatro variantes que preocupam os pesquisadores, três nasceram nesses países. A quarta, a Alfa, que foi identificada pela primeira vez no Reino Unido, só não foi capaz de contaminar mais brasileiros em função da vacinação e da imunidade trazida com os novos casos da doença, relatou Spilki.

Saiba mais sobre as variantes do coronavírus:

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Surgiram inúmeras variantes do vírus, mas a OMS considera quatro como sendo de "preocupação"
Ainda não se sabe se as mutações tornam o vírus mais eficiente em fugir da proteção oferecida pelas vacinas
Ela é mais transmissível do que o vírus original, e foi responsável por uma alta nos casos em vários países
Cerca de 73% dos pacientes que tiveram Covid-19 apresentam sintomas nos meses seguintes à infecção, segundo a Universidade de Stanford, nos Estados Unidos
A versão Beta não apresenta alta transmissibilidade, mas é a mais eficiente em driblar as defesas do corpo
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Com o passar dos meses, o coronavírus sofreu mutações para continuar infectando as pessoas

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Surgiram inúmeras variantes do vírus, mas a OMS considera quatro como sendo de "preocupação"

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Ainda não se sabe se as mutações tornam o vírus mais eficiente em fugir da proteção oferecida pelas vacinas

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Ela é mais transmissível do que o vírus original, e foi responsável por uma alta nos casos em vários países

Freepik/Reprodução
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Cerca de 73% dos pacientes que tiveram Covid-19 apresentam sintomas nos meses seguintes à infecção, segundo a Universidade de Stanford, nos Estados Unidos

CDC/Unsplash
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A versão Beta não apresenta alta transmissibilidade, mas é a mais eficiente em driblar as defesas do corpo

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A variante Gama é a brasileira, conhecida anteriormente como P.1

Andriy Onufriyenko/GettyImages
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Ela também é mais transmissível, mas não é responsável por quadros mais graves da infecção

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Países têm aumentado restrições para conter avanço da nova cepa

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São pelo menos 50 mutações, entre as quais 32 ficam localizadas na proteína Spike, usada pelo coronavírus para invadir as células

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As vacinas disponíveis até o momento funcionam contra a maioria das variantes, ainda que não tenham 100% de eficácia contra elas

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