BioNTech alerta que fornecimento de vacinas para a UE pode atrasar
Aprovação lenta do regulador de saúde do bloco e pedidos insuficientes podem fazer com que doses demorem a chegar, segundo a farmacêutica
atualizado
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Em entrevista à revista alemã Spiegel, Ugur Sahin, CEO da BioNTech, afirmou que a entrega da vacina contra a Covid-19 para a União Europeia pode demorar mais do que o esperado. A lentidão dos órgãos reguladores do bloco em aprovar o imunizante e a falta de outras opções de vacinas disponíveis seriam, segundo ele, alguns dos motivos do possível atraso.
“No momento não parece bom. Lacunas estão aparecendo porque há falta de outras vacinas aprovadas e temos que preencher esse vazio com a nossa”, disse Sahin.
A farmacêutica produz a vacina contra o coronavírus em parceria com a Pfizer. De acordo com Ugur Sahin, as empresas trabalham para aumentar a produção do imunizante, porém as doses têm demorado a chegar em alguns países da UE. Outro motivo para o atraso, segundo Sahin, seriam pedidos em quantidades insuficientes feitos por alguns locais, como Bruxelas.
Na Alemanha, o atraso fez com que algumas regiões fechassem temporariamente os centros de saúde alguns dias após o lançamento da campanha de vacinação.
A vacina da Moderna deve ser aprovada pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) em 6 de janeiro. Ainda não há previsão para que o órgão aprove o imunizante da AstraZeneca desenvolvido em parceria com a Universidade de Oxford.
De acordo com o CEO da BioNTech, a demora da UE em reservar as vacinas também influenciou no atraso. O bloco teria esperado até novembro para pedir cerca de 300 milhões de doses — metade do pedido feito pelos Estados Unidos ainda em julho. “Em algum momento, ficou claro que não seria possível entregar tão rapidamente. A essa altura já era tarde demais para fazer pedidos subsequentes”, disse Tuereci à Spiegel.
A boa notícia para os alemães é que, de acordo com Sahin, a BioNTech planeja lançar uma nova linha de produção em Marburgo, município da Alemanha localizado no estado de Hesse. O plano da farmacêutica é fazer o lançamento em fevereiro e produzir 250 milhões de doses no primeiro semestre de 2021. “Estão em andamento conversações com fabricantes contratados para aumentar a produção e deve haver maior clareza até o final de janeiro”, explicou Sahin.
Segundo o representante da BioNTech, o imunizante produzido pela empresa deve ser capaz de lidar com a nova cepa do Sars-CoV-2, detectada pela primeira vez no Reino Unido e presente também no Brasil. “Estamos testando se nossa vacina também pode neutralizar essa variante e em breve saberemos mais”, detalhou
A vacina pode ser ajustada em seis semanas, segundo Sahin, o que significa que o imunizante pode ser eficaz contra outras possíveis mutações do vírus. Os novos tratamentos, contudo, podem exigir aprovações regulatórias adicionais.
O plano da farmacêutica é tornar as próximas gerações da vacina mais fáceis de manusear. O imunizante Pfizer/BioNTech precisa ser armazenada em temperaturas de cerca de -70 graus Celsius.