Quer cortar o café da rotina? Veja benefícios e como largar a cafeína
Diminuir a quantidade de cafeína traz benefícios ao cérebro, ao sono e à atividade do intestino. Superar a abstinência, porém, é difícil
atualizado
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A cafeína é um dos estimulantes mais consumidos no mundo e por isso é fácil perder a conta de quanto dela ingerimos ao dia. A substância está, claro, no café, mas também em chás, refrigerantes, suplementos e até remédios para a gripe.
Seu consumo não é, por si só, prejudicial ao organismo, mas é preciso ter cuidado com o horário e a quantidade. “A cafeína pode permanecer no organismo por várias horas após a ingestão, por isso é importante limitar o seu consumo, especialmente após as 16h”, explica a nutricionista Priscila Gontijo, da Puravida.
O Food and Drug Administration (FDA), agência de saúde dos EUA, recomenda que não se ultrapasse as 400 mg de cafeína ao dia, o equivalente a aproximadamente quatro xícaras de café.
Você ultrapassa esse limite ou está muito perto dele para o seu gosto? Pois saiba que reduzir a cafeína traz benefícios ao organismo. Em um artigo publicado no site de divulgação científica The Conversation, o professor de anatomia Adam Taylor, da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, elencou os benefícios de deixar de ingerir esta substância.
Abstinência de cafeína
Antes de tomar qualquer decisão, porém, é preciso lembrar que cortar a cafeína pode ser desafiador, uma vez que o corpo desenvolve tolerância e dependência do estimulante. A substância atua com um receptor no cérebro chamado adenosina, responsável por manter o corpo em alerta.
Quando se deixa de tomar a bebida, é comum que os apaixonados por café tenham fadiga e dores de cabeça até que o corpo estabilize os níveis de adenosina, já que os vasos sanguíneos cerebrais, antes comprimidos pela cafeína, se dilatam. Esses efeitos podem durar uma semana.
“Se você está pensando seriamente em remover a cafeína da sua dieta, a melhor maneira de fazer isso é gradualmente. Indo aos poucos, você terá menos efeitos colaterais”, aconselha Taylor.
Higiene do sono e do cérebro
Os impactos positivos de cortar a cafeína podem ser mais beneficiosos que o desafio de superar sua abstinência. Primeiro, segundo Taylor, há um ajuste dos hormônios que voltam aos seus níveis originais — em alguns casos, menos de 12 horas depois de parar com a bebida. Isso reestabelece o sono saudável, aumenta a sensação de relaxamento e corta o estresse acumulado.
“A cafeína atrasa a liberação de melatonina, um hormônio que nos deixa cansados, mas não corta sua produção, só leva a acúmulos que podem encurtar o período de descanso e as chances de alcançar o sono profundo que higieniza o cérebro”, alerta o especialista.
A cafeína também tem sido associada ao aumento da ansiedade e ataques de pânico, especialmente em quem tem predisposição a problemas de saúde mental. Reduzir ou eliminar o estimulante pode melhorar estes marcadores, regulando os níveis de estresse relacionados à adenosina que podem contribuir para os diagnósticos.
Saúde gástrica
Cortar o cafezinho também pode curar a azia e indigestão. A cafeína induz a secreção ácida no estômago e enfraquece o esfíncter esofágico, que controla o refluxo do conteúdo do estômago para o esôfago – provocando azia e indigestão.
Além disso, a cafeína atua na musculatura lisa do intestino, principalmente no cólon, fazendo com que ele se contraia e desencadeie a vontade de fazer cocô, uma ação conhecida como reflexo gastrocólico.
“A cafeína também pode alterar a consistência do seu cocô, especialmente se você beber demais, pois ela afeta a absorção de água. Essa retenção também pode ser irritante para a bexiga e para os rins, aumentando a vontade de urinar”, explica Taylor.
Redução da pressão cardíaca?
Alguns cientistas acreditam que parar de consumir cafeína também pode diminuir a pressão arterial e reduzir a frequência cardíaca. A exposição a longo prazo de estimulantes pode aumentar o ritmo cardíaco com o tempo, como se o corpo entendesse que a forma acelerada é como ele deveria agir naturalmente.
O especialista em anatomia conclui, porém, que ainda não se pode determinar cientificamente se interromper o uso de cafeína reverteria esse quadro e o tempo necessário para isso.
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