Bebidas alcoólicas: quando há risco de intoxicação?
É comum que, ao se reconhecer bêbado, o indivíduo já tenha ingerido um volume extra de álcool que ainda não foi nem absorvido pelo corpo
atualizado
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O Carnaval é uma festa de excessos e, entre todos os exageros incentivados, o consumo abusivo de álcool parece ser o campeão. O problema é que beber demais traz riscos imediatos à saúde e é difícil estabelecer o que seria uma quantidade segura de consumo da substância.
Professor da Faculdade de Medicina da Universidade Católica de Brasília, o médico psiquiatra Mauri Caldeira Reis explica que um “beber de baixo risco” não ultrapassa três doses de álcool por dia para homens e duas doses para mulheres. “Uma dose equivale a uma lata de cerveja, uma taça de vinho, ou uma dose de destilado”, aponta.
No entanto, mesmo esse limite é questionável, pois gestantes, pessoas não acostumadas com o consumo de bebidas ou que tenham alguma condição de saúde específica podem apresentar problemas mesmo respeitando esse patamar. “Pessoas que não estão habituadas a beber têm menos tolerância aos efeitos do álcool, até aqueles que bebem frequentemente têm um limite: excedê-lo pode levar ao coma e à morte” afirma.
O risco estaria justamente no intervalo de tempo entre a ingestão da bebida e a percepção pessoal sobre os efeitos do álcool no corpo. É comum que, ao se reconhecer excessivamente intoxicado e optar por parar de beber, o indivíduo já tenha ingerido um volume extra que ainda não foi absorvido pelo corpo.
Especialista em dependência química, Mauri Caldeira sugere que a pessoa evite chegar a estágios onde apresente dificuldade de articular a fala, piora na coordenação motora e instabilidade para caminhar. “São sinais de uma intoxicação significativa. Ao perceber isso, já passou da hora de parar”, afirma.
O psiquiatra Fábio Aurélio Costa Leite, que atende no Grupo Santa, alerta para os perigos de uma intoxicação alcoólica. “O alcoolismo não é o único problema relacionado ao consumo de bebidas. Durante uma intoxicação, a pessoa pode ter uma parada bronco respiratória ao aspirar o próprio vômito, pode iniciar um quadro de falência renal ou apresentar sangramento no intestino”, explica.
O médico também cita comportamentos de risco que são induzidos pelo álcool e colocam a saúde em perigo, como dirigir embriagado, transar sem preservativos ou adotar posturas violentas. “Apesar do incentivo para que se perca o controle durante o Carnaval, é necessário aprender a aproveitar a festa e isso passa por reconhecer os próprios limites”, sugere.
A cardiologista Edna Oliveira, do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor), afirma que o uso abusivo de álcool tem um efeito ainda mais perigoso para pessoas que têm doenças cardíacas. “O consumo excessivo provoca o enrijecimento das artérias que distribuem o sangue pelo organismo. Quadros assim podem ocasionar um infarto ou até uma morte súbita”, explica.