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Bebendo demais? Responda 4 questões para avaliar seu consumo de álcool

Especialistas ensinam como perceber quando o consumo de bebidas deixou de ser recreativo e está se tornando um vício

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1 de 1 homem tequila bebida alcoólica álcool - Foto: iStock

O consumo de bebidas alcoólicas está presente em encontros com amigos, festas e reuniões familiares, mas pode virar um problema quando a quantidade de doses ingeridas e a frequência do uso saem do controle.

A transição entre o “beber socialmente” e a ingesta abusiva nem sempre é percebida, mas alguns sinais servem de alerta, segundo especialistas.

Se o consumo de álcool começa a atrapalhar relações e tarefas, se a tentativa de evitar a substância gera fissura ou síndrome de abstinência e se a pessoa começa a aumentar o volume de bebida ingerida para atingir o mesmo prazer, pode ser um caso de dependência ou uso abusivo de álcool.

De acordo com Zila Sanchez, professora do departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), os critérios para o diagnóstico se baseiam nos problemas sociais, biológicos e psicológicos causados pelo consumo de álcool, e se dividem em três diferentes graus: leve, moderado ou grave.

“Se a pessoa apresenta fissura, que é aquela vontade muito grande de consumir álcool; se ela bebe e precisa de mais doses para ter o mesmo prazer que tinha antes, criando-se uma tolerância, esses são alguns dos sintomas. Outro critério, por exemplo, é a síndrome de abstinência, que é quando a pessoa fica sem o álcool e começa a passar mal, ou quando começa a ter problemas no emprego e na família porque está bebendo demais”, exemplifica a especialista.

Como reconhecer os sintomas em si mesmo?

Embora as pessoas que usam o álcool de maneira abusiva possam ter dificuldades em reconhecer os próprios sintomas e em aceitar ajuda, alguns questionamentos feitos a si mesmo auxiliam no entendimento.

De acordo com Arthur Guerra, psiquiatra e presidente executivo do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), quem estiver em dúvida deve se perguntar:

  1. Você já tentou parar de beber e não conseguiu?
  2. Sente-se incomodado com críticas sobre o quanto ingere de bebida alcoólica?
  3.  Acha que bebe mais do que gostaria?
  4.  Tem que beber logo que acorda para diminuir o mal-estar?

“Caso a pessoa identifique que o consumo de álcool está sendo um problema, vale conversar com familiares e amigos próximos, além de buscar ajuda profissional, como uma consulta médica, e realizar acompanhamento psicológico”, explica Guerra.

Papel da família

Familiares e amigos são, em geral, os primeiros a notarem os prejuízos relacionados ao uso abusivo de álcool. “Primeiro porque, muitas vezes, a pessoa está mais violenta, mais agressiva; segundo porque ela fica bebendo o dia inteiro e acaba não fazendo as outras coisas da casa – a pessoa precisa ir para o trabalho e não foi, acorda de ressaca e precisa tomar uma cerveja para ficar bem, esquece os compromissos dela”, exemplifica Sanchez.

De acordo com a especialista, os familiares desempenham um importante papel na motivação e no incentivo para que a pessoa busque auxílio de um profissional de saúde, como psicólogo ou psiquiatra. “Essa família vai tentar conversar com a pessoa, mas, na maior parte das vezes, vai demorar até ela topar buscar ajuda. Por isso, esse processo tem que ter uma insistência, mas sempre de uma forma acolhedora”, explica.

Fatores de risco

O psiquiatra Arthur Guerra ressalta que existe um componente genético associado à dependência de álcool, mas que, embora ele eleve o risco de uso problemático da substância, não é determinante. “O ambiente de formação, a disponibilidade e facilidade de acesso, a permissividade dos pais, entre outros, são importante componentes ambientais para o desenvolvimento da doença”, destaca.

Além disso, existem fatores de proteção que compensam os de risco representado pela genética. “A pessoa que começa a se envolver em outras atividades, que é superativo na escola, que não se envolve, por exemplo, com os amigos que bebem mais, começa a tomar algumas decisões na vida que acabam fazendo que ela se exponha menos ao álcool e nem desenvolva essa dependência”, explica Zila Sanchez, professora de Medicina Preventiva.

Segundo a especialista, quanto mais cedo uma criança ou adolescente ingerir álcool pela primeira vez, maiores são as chances de desenvolver um transtorno relacionado ao uso de álcool na idade adulta, mesmo sem, inicialmente, preencherem os critérios de diagnóstico, que dependem de um tempo de consumo que elas ainda não têm.

“Para o adolescente começar a perder a sua relação social, deixar de lado todas as suas atividades para beber, ter abstinência e fissura, acaba demorando um pouco mais. Então, muitas vezes, esses transtornos começam a aparecer no fim da adolescência e começo da idade adulta.”

Como tratar?

Os tratamentos para a dependência de álcool envolvem diferentes métodos, que podem ser adotados de forma combinada, de acordo com o psiquiatra Arthur Guerra. São eles:

• Farmacológico (uso de medicamentos que diminuem a fissura pela bebida alcoólica);
• Psicoterapia;
• Grupos de ajuda mútua, como os Alcoólicos Anônimos;
• Hospitalização, para casos mais graves;
• Atividades físicas.

No entanto, o especialista reforça que não existe um tratamento padrão. “Cada paciente vai se encaixar melhor em algum dos tratamentos mencionados. O importante é que seja individualizado e humano, pois assim os resultados são melhores e mais consistentes”, explica. (Com informações da Agência Einstein)

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