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Bactérias que devoram carne humana são descobertas por cientistas

Cepas foram encontradas em paciente que precisou de amputação quádrupla após desenvolver doença rara. Caso ocorreu nos Estados Unidos

atualizado

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1 de 1 laboratório - Foto: Unsplash/Divulgação

Cientistas das universidades norte-americanas de Maryland e do Texas e da Universidade Rovira i Virgili, na Espanha, descobriram a combinação de duas cepas de micróbios causadoras de uma infecção agressiva que se espalha rapidamente pelo corpo, alimentando-se de carne humana. A pesquisa foi publicada na revista especializada Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

A infecção microbiana foi identificada em um paciente que necessitou de amputação quádrupla após desenvolver fascite necrosante, uma condição bacteriana rara e letal em quase um terço dos casos, mesmo quando o tratamento está disponível.

Testes iniciais no paciente, cuja identidade não foi divulgada, descobriram que a infecção era causada por um organismo chamado Aeromonas hydrophila. Embora não tenha sido particularmente grave a princípio, a infecção espalhou-se para o fígado e para o baço do homem, tornando-se uma ameaça à sua vida rapidamente.

Os médicos, então, analisaram toda a composição genética dos organismos que haviam retirado do paciente. Os resultados mostraram que a infecção consistia em duas cepas distintas de bactérias Aeromonas, batizadas pela equipe de NF1 e NF2.

Trabalhos genéticos e testes em ratos revelaram que nenhuma das estirpes de Aeromonas era especialmente perigosa por si só. Individualmente, cada uma delas produzia apenas infecções localizadas. Elas não se espalharam para a corrente sanguínea ou órgãos e foram rapidamente eliminadas pelo sistema imunológico do hospedeiro.

Quando ambas as cepas estavam presentes na mesma infecção, no entanto, a combinação foi potencialmente letal. Os testes mostraram que as toxinas liberadas pelo NF2 destruíram o tecido muscular e permitiram que a segunda linhagem, o NF1, entrasse na corrente sanguínea e se espalhasse rapidamente para os órgãos. O paciente só sobreviveu porque os cirurgiões removeram as duas pernas abaixo do joelho e os dois braços abaixo do cotovelo.

Segundo os médicos que atenderam a ocorrência, uma das cepas produz uma enzima que decompõe o tecido e que permite à outra migrar para o restante do corpo, infectando, no caso do paciente, o fígado e o baço.

De acordo com Ashok Chopra, microbiologista da Universidade do Texas, a pesquisa mostrou como várias cepas de micróbios podem mudar drasticamente o curso de uma infecção. Nesses casos, segundo o médico, os pacientes precisariam de combinações de terapias. “É de suma importância que ferramentas adequadas estejam disponíveis para diferenciar cepas da bactéria, como usamos em nossos estudos”, disse ele.

A causa mais comum de fascite necrosante é uma bactéria chamada Streptococcus pyogenes, embora outros micróbios possam ser responsáveis. A infecção tende a surgir quando as bactérias, que vivem no intestino e na garganta, infectam feridas e se espalham nas profundezas dos tecidos. Uma vez estabelecidas, elas destroem a pele, os músculos e os órgãos por meio da corrente sanguínea.

Relatórios médicos sobre fascite necrosante observam que a infecção pode se espalhar a velocidades de até 5 cm por hora. O problema afeta cerca de uma em 100 mil pessoas na Europa Oriental e uma em cada 250 mil nos Estados Unidos. (Com informações do The Guardian)

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