Bactérias estão mais resistentes a antibióticos, diz relatório da OMS
A resistência das bactérias aos medicamentos é um problema de saúde pública. Ela limita a resposta dos pacientes aos tratamentos
atualizado
Compartilhar notícia
Um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado nesta sexta-feira (8/12) revela que bactérias causadoras de infecções comuns na comunidade estão mais resistentes aos antibióticos. Esta evolução representa maior risco à população, que fica com um número cada vez mais limitado de opções de tratamento, resultando em quadros de doença prolongada, incapacidade e maior risco de morte.
O relatório Global Antimicrobial Resistance and Use Surveillance System (GLASS) se baseia em dados relatados por 87 países em 2020. É a primeira vez que ele fornece análises das taxas de resistência aos antimicrobianos (AMR) no contexto das coberturas nacionais de testes, tendências de AMR desde 2017 e dados sobre o consumo de antimicrobianos em humanos em 27 países.
A resistência aos medicamentos é considerada um dos maiores desafios para a saúde pública mundial, com impactos para humanos e animais. Embora seja um fenômeno natural, ela pode ser acelerada devido ao uso indiscriminado de antibióticos e vigilância e monitoramento inadequados, por exemplo.
A OMS destaca que é necessário realizar mais pesquisas para entender as razões do aumento do nível de resistência das bactérias e até que ponto elas estão relacionadas ao aumento das hospitalizações e do uso de antibióticos no tratamento da Covid-19 durante a pandemia.
Resistência alarmante
Níveis de resistência acima de 50%, considerados altos, foram relatados em bactérias hospitalares como a Klebsiella pneumoniae (um microrganismo multirresistente) e a Acinetobacter spp, causadoras de infecções na corrente sanguínea.
As infecções podem causar risco de vida e precisam de tratamento com antibióticos de último recurso, como os carbapenêmicos. No entanto, 8% das infecções por Klebsiella pneumoniae foram relatadas como resistentes a essa classe de medicamentos, aumentando a chance de morte devido a infecções incontroláveis.
Aproximadamente 60% dos casos de Neisseria gonorrhoea, bactéria causadora da gonorreia, mostraram resistência à ciprofloxacina, um dos antibacterianos orais mais usados para o tratamento da infecção sexualmente transmissiva.
Mais de 20% dos casos de Escherichia coli – a bactéria mais comum em infecções do trato urinário – foram resistentes tanto aos medicamentos de primeira linha (ampicilina e cotrimoxazol) quanto aos de segunda linha (fluoroquinolonas), de acordo com o relatório da OMS.
Os dados do GLASS mostram que as infecções por Escherichia coli, Salmonella spp. e por gonorreia resistentes aumentaram ao menos 15% em comparação com as taxas de 2017.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, avalia que é necessário ampliar os testes de microbiologia e fornecer dados com garantia de qualidade em todos os países para entender a real extensão da ameaça global e montar uma resposta de saúde pública eficaz à resistência antimicrobiana.
“É um problema que prejudica a medicina moderna e coloca milhões de vidas em risco”, afirma Ghebreyesus.
Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.