Azitromicina tem mesmo efeito de placebo contra Covid, diz estudo
Pesquisa reforça que o remédio não previne sintomas da Covid-19 em pacientes não-hospitalizados e pode aumentar chance de quadro grave
atualizado
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Um estudo da Universidade da Califórnia em São Francisco, nos Estados Unidos, comprova que o antibiótico Azitromicina não é mais eficaz do que placebo na prevenção dos sintomas da Covid-19. As análises de pessoas infectadas que não foram hospitalizadas também apontam para uma maior chance de desenvolver a forma grave da doença entre aqueles que tomaram o antibiótico.
“Essas descobertas não apoiam o uso rotineiro de Azitromicina contra a infecção por Sars-CoV-2 ambulatorial”, informou a principal autora do estudo, Catherine Oldenburg, pesquisadora da Universidade da Califórnia em São Francisco.
A pesquisa, que foi conduzida em parceria com a Universidade de Stanford, também nos Estados Unidos, foi publicada na sexta-feira (16/7) no periódico científico Journal of the American Medical Association.
A equipe de cientistas observou 263 voluntários que testaram positivo para Sars-CoV-2 uma semana antes de começarem o estudo. Nenhum estava hospitalizado naquele momento. Em um processo de seleção aleatória, 171 voluntários receberam uma única dose oral de 1,2 gramas de Azitromicina e 92 receberam um placebo idêntico. No 14º dia do estudo, metade dos participantes permaneceu sem sintomas em ambos os grupos. Mas no dia 21, cinco dos participantes que receberam Azitromicina foram hospitalizados com sintomas graves de Covid-19, sendo que nenhum do grupo placebo foi hospitalizado.
“Nós partimos da hipótese de que o antibiótico tenha propriedades anti-inflamatórias que podem ajudar a prevenir a progressão da Covid-19 se o paciente for tratado no início da doença”, disse Oldenburg. “Não encontramos esse resultado no estudo”, acrescentou.
A Azitromicina é um antibiótico amplamente prescrito como tratamento para Covid-19 nos Estados Unidos e em outros países, como o Brasil. É geralmente utilizado para tratar casos graves de infecção respiratória, incluindo pneumonia. Com a pandemia do coronavírus, médicos e cientistas iniciaram uma busca por tratamentos eficazes com remédios conhecidos.
No Brasil, ele consta como um dos medicamentos indicados no kit Covid. Na quarta-feira (14/7), porém, o Ministério da Saúde enviou um parecer à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 admitindo que a hidroxicloroquina e os demais medicamentos que compõem o kit não funcionam contra o coronavírus.
Os pesquisadores concluíram que o tratamento com uma dose única de Azitromicina em comparação com o placebo não resultou em maior probabilidade de não apresentar sintomas e muito menos evitar o agravamento da doença e necessidade de hospitalização. “A maioria dos testes feitos até agora com Azitromicina se concentraram em pacientes hospitalizados com doença bastante grave”, disse Oldenburg em comunicado do estudo. “Nosso artigo é um dos primeiros estudos controlados por placebo que não mostra resultados positivos para a Azitromicina em pacientes ambulatoriais”, destaca a autora.
Esse estudo se soma ao alerta de cientistas para que países interrompam o uso indevido do medicamento, pois a prática pode levar à resistência de bactérias e, consequentemente, dificultar o tratamento de outras infecções.