Autoexame é popular, mas impreciso para diagnosticar câncer de mama
Médicos alertam que o autoexame não deve ser única estratégia para diagnóstico. Método pode ser ineficaz na detecção de lesões pequenas
atualizado
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Seis em cada dez brasileiras acreditam, erroneamente, que o autoexame é o principal meio de diagnosticar o câncer de mama, segundo mostra a pesquisa Câncer de mama hoje: como o Brasil enxerga a paciente e sua doença?, realizada pelo instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) a pedido da Pfizer. Os dados do levantamento, apresentados nessa quinta-feira (29/9), revelam que ainda há muito desconhecimento sobre as formas de prevenção, rastreamento e tratamento do câncer que mais mata mulheres em todo o mundo.
A pesquisa foi feita com 1.397 mulheres de 20 anos ou mais do Distrito Federal, São Paulo, Belém, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro. As participantes responderam um questionário virtual sobre as perspectivas da doença.
Embora seja indicado como uma estratégia de autoconhecimento do próprio corpo, o autoexame é pouco preciso e pode deixar passar lesões em estágio inicial, imperceptíveis ao toque. A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), por exemplo, alerta que o método não deve substituir os exames realizados ou prescritos pelo médico.
A mamografia de rastreamento, por outro lado, é capaz de detectar tumores menores do que um centímetro. O exame deve ser feito anualmente por todas as mulheres com mais de 40 anos, independente do estilo de vida ou fatores hereditários e mesmo que não haja sintomas como alteração no aspecto da mama, secreção pelo mamilo ou nódulos. As pacientes com fatores de risco devem antecipar o início da realização da mamografia.
No entanto, para 54% das participantes que responderam ao questionário, não está clara a necessidade de fazer a mamografia caso outros exames de rotina, como o ultrassom mamário, não indiquem alterações.
Metade das mulheres (51%) não sabia da importância de realizar a mamografia anualmente a partir dos 40 anos – 30% acreditavam que, após um primeiro exame com resultado normal, estariam liberadas para realizar apenas o autoexame em casa; e 21% desconheciam qual seria a orientação correta. O estudo mostra ainda que 13% das mulheres estão convencidas de que só devem iniciar os exames de rastreamento após entrar na menopausa.
“É importante fazer a apalpação para conhecer o próprio corpo e, se detectar alguma coisa, antecipar a avaliação médica. Mas a mulher não deve esperar os sintomas para fazer a mamografia. O exame é seguro e eficaz como método de rastreamento. Ele pode detectar lesões precursoras e lesões pequenas, de manejo mais fácil e muito mais curáveis” disse a médica Débora Gagliato, especialista em câncer de mama do Centro de Oncologia e Hematologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo, no evento de divulgação da pesquisa.
A diretora médica da Pfizer Brasil, Adriana Ribeiro, lembrou ainda que as chances de cura são maiores quando o diagnóstico é feito nos estágios iniciais da doença. “É mais fácil de tratar, o que melhora o prognóstico e contribui para a redução da mortalidade”, afirmou.
Impacto da pandemia
O levantamento mostrou também que a pandemia da Covid-19 continua a impactar a saúde das mulheres: 48% das entrevistadas afirmaram que não realizaram exames mamários nos últimos 18 meses. Dessas, 21% recorreram ao autoexame para diagnóstico e 27% não passaram por nenhuma avaliação no período. Apenas 34% mantiveram o hábito de fazer a mamografia.
“Temos discutido o afastamento das pessoas de seus cuidados médicos de rotina desde o começo da pandemia. Passados quase três anos, essa situação persiste em alguns grupos, o que se revela muito preocupante, porque pode significar que menos tumores estão sendo identificados precocemente”, explica Adriana.
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