“Asma me deixou com capacidade pulmonar de 35%”, diz homem de 47 anos
Condição muitas vezes negligenciada e tratada como assunto de criança, a asma pode ter formas graves que resistem ao tratamento
atualizado
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Apesar das crises respiratórias desesperadoras que a asma produz, muita gente acredita que a doença é coisa de criança e que pode ser controlada com o uso regular de “bombinhas”. O quadro, entretanto, pode ser resistente a tratamentos e acabar evoluindo para uma forma grave com consequências para toda a vida.
Este é o caso do analista de importação Everaldo Durante, de 47 anos. Por conta da asma grave, ele hoje possui apenas 35% de sua capacidade respiratória. No caso dele, as crises começaram aos 2 anos e seguiram presentes.
“A asma judiou muito do meu pulmão, achei que nunca teria fim. Na fase adulta, houve alguma melhora, mas ela segue como parte da minha vida”, afirma.
A asma de Everaldo não foi controlada com tratamentos, apesar de as medicações terem começado ainda na primeira infância. Segundo o pneumologista Rodrigo Athanazio, professor de medicina da USP, a condição é muito variada e pode atingir as pessoas de maneira muito resistente.
“No caso de pacientes com as formas graves da doença, os sintomas de falta de ar, que na maioria das pessoas são episódicos ou relacionados a crises, passam a ser crônicos, até mesmo diários. Os sintomas também podem se tornar mais exacerbados também”, aponta o especialista.
O que é a asma?
A asma é uma doença multifatorial, com um componente genético, mas que também podem ser relacionada a fatores ambientais, como alergias e outras doenças inflamatórias do sistema respiratório. Everaldo, por exemplo, tem rinite alérgica, o que pode levar a uma piora combinada dos quadros.
Os sintomas podem aparecer a qualquer idade, mas é mais comum que surjam na infância. Além da falta de ar, a asma pode levar a um cansaço permanente, chiados e sensação de pressão no peito, tosse seca ou, em raros casos, tosse com secreção.
Durante as crises de asma, o corpo cria uma defesa excessiva contra o ar respirado, como se o oxigênio fosse um agente externo agressor. Por isso, na prática, são as próprias defesas do corpo que, muitas vezes, levam aos episódios de crise.
Segundo Athanazio, é importante que se busque um tratamento para a condição o quanto antes para evitar a formação de casos graves ou os danos mais severos ao sistema respiratório, incluindo a perda da capacidade pulmonar.
Esta redução ocorre quando os sintomas crônicos e persistentes da asma levam a uma inflamação que compromete a função pulmonar de forma permanente. Na maioria dos casos, porém, o quadro é reversível com tratamento e com terapias como exercícios fisicos regulares e treinamentos respiratórios.
Existe asma de adulto?
Ao contrário do que muita gente pensa, a asma não desaparece com o passar dos anos. O quadro, é verdade, passa por melhoras no final da infância. O sistema imunológico ganha maturidade, aprendendo a não encarar o ar como um corpo estranho, gerando longos momentos assintomáticos, a chamada tolerância, mas é sempre possível que o quadro retorne quando diante de alguma inflamação nas vias aéreas.
No caso de Everaldo, após vários testes de medicamentos, ele conseguiu encontrar remédios imunobiológicos e bombinhas que ajudam a manter a doença mais controlada. Entretanto, isso só ocorreu na vida adulta.
“Fui conseguindo viver de forma melhor, não só pelo tratamento, mas porque aprendi os meus limites e a lidar com a falta de ar. Não posso dizer que a gente se acostuma, não tem como se acostumar a não respirar. A gente acaba muito triste, deprimido, cansado. Então, minha luta foi grande. Hoje consigo ter uma qualidade de vida bem melhor do que tinha antes, mas não deixo de estar sempre muito atento à asma e nunca deixei de ter medo dela”, afirma.
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