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Asco 2023: médicos apontam principais avanços no tratamento do câncer

Encontro da Sociedade Americana de Oncologia Clínica está sendo realizado nos EUA. Especialistas apontam os avanços mais importantes da área

atualizado

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1 de 1 imagem colorida do congresso promovido pela Asco - Metrópoles - Foto: Divulgação/Asco 2023

Chicago – O câncer é a segunda principal causa de mortes no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O diagnóstico da doença é acompanhado por uma grande carga física e emocional para pacientes e familiares, e gera uma pressão intensa nos sistemas de saúde do mundo.

O tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não melanoma, seguido pelos de mama, próstata, cólon e reto, pulmão e estômago, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Estima-se que 704 mil novos casos de câncer serão diagnosticados no Brasil em cada ano do triênio 2023-2025.

Entre os dias 2 e 6 de junho, cerca de 40 mil profissionais de saúde se reúnem no encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês), em Chicago, nos Estados Unidos. O evento é o maior e mais importante do mundo sobre o tema. Nele, são apresentados resultados de estudos de ponta sobre novas abordagens de tratamento.

“O encontro da Asco é um evento importante para a estruturação de pesquisas e formação de grupos cooperativos entre os especialista que se encontram aqui. A participação é muito significativa”, explica o oncologista Gustavo Fernandes, diretor nacional de Oncologia na Rede DASA.

A programação é extensa e intensa, mas alguns temas se destacam e atraem atenção especial do público. À convite do Metrópoles, três médicos que são referência no tratamento oncológico no Brasil destacam os estudos que têm potencial para dar novos rumos ao tratamento oncológico.

Câncer do cérebro

Um dos estudos mais aguardados desta edição é o Indigo, feito com pacientes com um tipo de câncer de cérebro, o glioma residual ou recorrente.

Os pesquisadores do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, de Nova York, irão apresentar no domingo (4/6) os resultados da fase 3 do estudo, a mais avançada, feita com pacientes com glioma residual ou recorrente de grau 2 com uma mutação IDH1/2.

Eles compararam o uso de uma droga que atua na mutação IDH1/2, presentes nesses tumores de cérebro. “Se os resultados do estudo forem positivos, o tratamento será uma esperança para frear o crescimento de tumores que geram limitações de qualidade de vida em pacientes jovens”, afirma Fernandes.

Câncer de pulmão

A médica Clarissa Mathias, oncologista do Grupo Oncoclínicas e integrante do Comitê científico da Asco 2023, destaca o estudo Adaura, sobre o tratamento do câncer de pulmão de células não pequenas, um dos mais incidentes entre a população.

“Na plenária serão apresentados trabalhos extremamente importantes como o Adaura, que randomizou pacientes com câncer de pulmão versus placebo, e o mesmo mostrou aumento de sobrevida global para os pacientes tratados”, comenta Clarissa.

Dados iniciais, publicados em fevereiro, mostraram que o osimertinib – uma classe de medicamentos usado no tratamento de câncer de pulmão de células não pequenas – reduziu o risco de recidiva do câncer ou morte em pacientes com doença em estágio dois ou três em 76% e em 64% na população geral, bem como o aumento de sobrevida para os pacientes tratados com o medicamento.

Os resultados do estudo serão apresentados na terça-feira (6/6).

Câncer de próstata

Pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia apresentam no Asco os resultados do estudo Thor, que avaliou o tratamento de tumores de bexiga com o erdafitinib, uma classe de medicamentos que tem como alvo inibir a molécula FGFR, um dos fatores de crescimento desse tipo de neoplasia.

O estudo está no radar do oncologista Paulo Lages, da Oncoclínicas, por comparar a droga com quimioterapia para quem tem uma mutação específica na FGFR. “O erdafitinib já está disponível no Brasil, mas nunca tinha sido comparado com quimioterapia ou imunoterapia, duas formas utilizadas corriqueiramente para tratar câncer de bexiga”, explica Lages.

“Isso muda a sequência de tratamento dos pacientes que têm essa alteração, que ocorre em cerca de 15% a 20% da população com câncer de bexiga”, explica o oncologista.

Lages também apresenta um estudo no Asco deste ano, sobre o impacto da suplementação alimentar na qualidade de vida de pacientes em tratamentos do câncer de próstata. O trabalho será apresentado na segunda-feira (5/6).

  • A repórter Bethânia Nunes viajou para Chicago, nos Estados Unidos, a convite da Bayer.

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