Arsênio: venda da substância química venenosa é proibida ao público
O arsênio, substância química venenosa encontrada no sangue das pessoas que passaram mal em Torres, possui venda controlada no Brasil
atualizado
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A venda de arsênio, substância encontrada no sangue de pessoas que passaram mal após consumir um bolo no RS, é controlada no Brasil. A aquisição do produto é permitida apenas para empresas com CNPJ e mediante um registro detalhado sobre o motivo da compra e as condições de uso.
Uma das principais aplicações do arsênio é na agricultura, como fungicida e herbicida. Além disso, o trióxido de arsênio (um dos tipos de arsênio) é utilizado como remédio em tratamentos de leucemia, mas sua aquisição também depende de prescrição médica e segue protocolos específicos.
A substância, conhecida por sua alta toxicidade, pode causar danos graves à saúde, inclusive levar à morte. No caso do RS, o delegado responsável pelo caso, Marcos Vinícius Veloso, declarou que amostras de sangue da mulher que preparou o bolo, do sobrinho-neto dela e de Neuza Denize Silva dos Anjos, uma das vítimas fatais, indicaram a presença de arsênio.
Neuza e outras duas pessoas, Tatiana Denize Silva dos Santos e Maida Berenice Flores da Silva, faleceram após consumirem o bolo.
O arsênio é considerado uma das substâncias mais preocupantes para a saúde humana pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O arsênio pode estar presente em alimentos?
O arsênio pode estar presente em alimentos industrializados, mas em quantidades mínimas, que obedecem a limites estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Por exemplo, para alimentos à base de cereais, o limite permitido pela Amvisa é de 0,15 miligramas por quilo. No café solúvel, a quantidade máxima tolerada é de 0,50 miligramas por quilo; para o arroz, 0,30 miligramas por quilo; e no açúcar, apenas 0,10 miligramas por quilo.
De acordo com o químico Ubiracir Lima, do Conselho Federal de Química, ingestão de apenas 0,07 gramas por quilo de peso corporal pode ser fatal. “O arsênio age inativando enzimas essenciais para a produção de energia celular e a reparação do DNA, o que torna a exposição a ele extremamente perigosa”, explica.
Os primeiros sinais de envenenamento incluem sintomas digestivos, como vômitos, dores abdominais e diarreia, frequentemente acompanhados de sangramento.
Por ser usado na agricultura em pesticidas e fertilizantes, o arsênio pode contaminar alimentos caso suas instruções de dosagem e aplicação não sejam seguidas corretamente.
“O defensivo agrícola MSMA é permitido para uso como herbicida para algumas culturas, como por exemplo para cana de açúcar. Entretanto, possui limite máximo de resíduo de 0,01 miligramas por quilo. A contaminação acima desse limite ocorreria apenas a partir de algum desvio não previsto, um acidente, durante a aplicação”, complementa.
Além disso, o arsênio pode contaminar alimentos por meio da água utilizada na irrigação. “Uma contaminação na água poderia ser decorrente de uso excessivo/recorrente de defensivo agrícola ou algum acidente durantes transporte ou aplicação que atingisse alguma fonte dessa água para irrigação”, indica.
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