Aposta de garrafa de vinho ajudou cientista a identificar cepa sul-africana
Brasileiro, que trabalha na África do Sul, foi o responsável por descobrir variante do coronavírus mais contagiosa
atualizado
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No começo de dezembro, o pesquisador brasileiro Tulio de Oliveira, da Universidade de KwaZulu-Natal, na África do Sul, informou à Organização Mundial da Saúde (OMS) a descoberta de uma variante mais transmissível do novo coronavírus. Hoje, a disseminação da cepa sul-africana preocupa especialistas e força as farmacêuticas a testarem a eficácia de suas vacinas contra novas mutações.
A aposta de uma garrafa de vinho ajudou o pesquisador a codificar o genoma de amostras e detectar a variante. Oliveira recebeu ligações de vários médicos informando um aumento inesperado nos casos de Covid-19.
O cientista recebeu 16 amostras de pacientes doentes, de várias cidades, e descobriu mutações similares em todos os recipientes – a maioria delas na proteína spike, usada pelo coronavírus para invadir células humanas e se multiplicar.
Para entender melhor a variante que parecia ter descoberto, Oliveira entrou em contato com um grupo de vigilância genômica do país, que inclui vários laboratórios da África do Sul, para pedir amostras.
Susan Engelbrecht, responsável pelo laboratório da cidade de Stellenbosch, conhecida pelos vinhos, informou duvidar muito que essa mutação tivesse chegado à sua região, que fica a mais de 700 km de distância de onde foram recolhidas as primeiras 16 amostras.
Os dois pesquisadores fizeram uma aposta: caso a variante fosse encontrada em mais de 50% das amostras, Susan teria que pagar uma garrafa de vinho para Oliveira.
Das 67 amostras que a pesquisadora enviou, 58 tinham a variante, um total de 86,5%. Segundo a CNN Internacional, Oliveira ainda está pesquisando qual vinho vai escolher e, por enquanto, só sabe que será um bem caro.
Por causa da descoberta em pacientes tão distantes, o pesquisador fez o alerta à OMS em 4/12. A variante foi chamada de N501Y e, apesar de estudos sobre ela ainda estarem sendo feitos, é uma das cepas mais transmissíveis já identificadas.