Após transplante renal, aposentado começa a planejar nova vida
Raul José tem 77 anos e se tornou o paciente mais velho a passar por um transplante deste tipo no DF. Procedimento foi realizado no HUB
atualizado
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Após dez anos lutando diariamente contra uma doença renal crônica, o aposentado Raul José Soares, 77 anos, recebeu um novo rim em 1º de agosto, no Hospital Universitário de Brasília (HUB/UnB) e se recupera bem. Ele se tornou o paciente mais velho do Distrito Federal a fazer o procedimento com sucesso.
Soares é pai de dez filhos e teve que largar o trabalho para cuidar da saúde. O morador de Santa Maria precisava ir até a cidade de Céu Azul, em Valparaíso (GO), três vezes por semana para as sessões de hemodiálise que duravam cerca de quatro horas. “Minha vida virou de cabeça para baixo. Tive que parar de trabalhar, meus filhos ainda precisavam de mim e não pude mais ajudar”, contou.
Juliana Soares, 33 anos, acompanhou de perto o sofrimento do pai durante todo o tempo. Ela lembra que o diagnóstico foi um choque para a família devido à gravidade do caso. “O melhor pra gente foi ele ter conseguido um rim”, disse Juliana. “Isso é uma melhora para ele e para a gente. Nós paramos tudo para cuidar dele e tem que ser assim. Essa é a situação quando um parente fica doente”, afirmou a cabelereira.
Raul José vinha sendo atendido no HUB desde 2019, mas, só recentemente, foi incluído na lista de indicação para transplante. O aposentado recebeu o órgão de um doador falecido e, agora, espera ter uma mudança positiva de vida. “Tenho muitas coisas para fazer ainda. Vou curtir muito meus filhos e meus netos”.
Para Rômulo Maroccolo, chefe da Unidade de Transplantes do HUB, a operação do idoso foi um marco. “Conseguimos romper o limite da idade e nos tornar referência para o Distrito Federal, garantindo o aumento da expectativa e da qualidade de vida desse paciente”, conta.
O médico nefrologista Gustavo Arimatea explica que, antigamente, era comum limitar a opção do transplante renal a pacientes com até 65 anos, o que excluía doentes mais velhos. No entanto, esta realidade vem mudando nos últimos anos. Com uma avaliação individualizada, analisando caso a caso, é possível incluir mais pessoas aptas ao transplante.
“O paciente que transplanta vive mais do que o paciente que faz diálise. A idade não é mais um limitante, avaliamos cada paciente para descobrir se o transplante é uma boa opção de tratamento”, afirma Arimatea.