Após ter Covid-19, como saber se estou curado do coronavírus?
A observação do quadro clínico é fundamental para atestar a recuperação do paciente
atualizado
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O método mais seguro para realizar o diagnóstico da Covid-19, atualmente, inclui a observação de sintomas e o resultado positivo do teste RT-PCR, que indica a presença do RNA do novo coronavírus no organismo do paciente. No entanto, apesar de ser reconhecido como padrão-ouro por conta de sua precisão, esse exame não é recomendado para atestar a cura do paciente infectado.
A médica patologista Natasha Slhessarenko, do Laboratório Exame, explica que, mesmo o indivíduo que se curou pode continuar a excretar o vírus por um período, o que não significa que ele seja um infectante. A técnica usada no RT-PCR amplifica um pedaço do vírus Sars-CoV-2, portanto, não é necessário registrar o vírus inteiro para que o resultado do exame seja positivo.
“O indivíduo que continua a testar positivo no exame uma, duas ou três semanas depois do fim dos sintomas, pode ter apenas restos virais, os chamados vírus inertes, que já não estão mais ali provocando a doença”, explica Natasha.
A médica infectologista do Hospital Águas Claras, Ana Helena Germoglio, afirma que, de maneira geral, o paciente pode ser considerado curado quando há ausência de sintomas. “Para pacientes com quadros leves e moderados, sem imunossupressão associada, e cujos sintomas passaram, a orientação da OMS é de dez dias de isolamento”, explica. Nos quadros que evoluíram para graves, a indicação é de pelo menos 20 dias de isolamento.
Ela reforça, entretanto, a necessidade de que todos que tiveram o diagnóstico confirmado observem o período de quarentena, mesmo que se sintam bem antes do prazo previsto. “Um novo teste RT-PCR só deve ser feito se os sintomas reaparecerem após três meses, o que poderia indicar uma nova infecção, pois ainda não há certeza sobre quanto tempo dura à imunidade adquirida”, afirma Ana Helena.
Anticorpos
Três semanas após o início da doença, o indivíduo pode fazer a pesquisa de anticorpos IgA/IgM e IgG com os testes sorológicos para saber se desenvolveu os anticorpos ao vírus. No entanto, esse teste não é capaz de assegurar imunidade adquirida.
“O fato de o teste registrar anticorpos não garante que o paciente não possa mais adquirir a doença, embora alguns estudos apontem para isso. Em compensação, se o teste vier negativo, não quer dizer também que ele não tenha tido a Covid-19. Pode ser que ele não tenha produzido anticorpos e que tenha desenvolvido apenas um tipo de imunidade, chamada imunidade celular, às custas dos linfócitos T”, detalha Natasha.