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Após morte, escolas e pais se preocupam com “brincadeira viral”

Apelidada de roleta-russa humana, quebra-coquinho ou brincadeira da rasteira, a prática pode provocar traumatismo craniano grave

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1 de 1 Roleta-russa-com-os-pés - Foto: YankaRomão/Metrópoles

Uma “brincadeira” perigosa que viralizou em vídeos na internet tem preocupado a comunidade escolar. Apelidada de roleta-russa humana, quebra-coquinho ou brincadeira da rasteira, a prática consiste em duas pessoas darem uma rasteira em uma terceira, que cai de costas no chão e, com isso, pode machucar gravemente o cérebro ou a coluna cervical.

Nas redes sociais, há vários vídeos mostrando como é o “desafio”, inclusive com imagens de adolescentes uniformizados “brincando”. “Não é uma brincadeira, é uma tentativa de homicídio/suicídio”, alerta o cirurgião Rodrigo Caselli, do Centro de Trauma do Hospital Brasília.

O médico explica que tombos assim podem provocar traumatismos cranianos, lesões na coluna ou até, em casos mais graves, levar à morte. “É uma prática tão arriscada que uma morte durante uma “brincadeira” dessas não é um acidente, é um efeito pretendido”, afirma o médico, que ficou alarmado ao ver as imagens.

Em novembro do ano passado, uma adolescente de 16 anos, de Mossoró, no Rio Grande do Norte, morreu em uma brincadeira semelhante. A menina, de acordo com o relato de uma prima à época, estaria brincando com outras duas pessoas, que a seguraram e tentaram girá-la, em uma espécie de cambalhota. Durante a manobra, a estudante caiu, bateu a cabeça e teve traumatismo craniano grave.

O “desafio do quebra-coquinho” tem sido o assunto mais abordado por pais e profissionais de educação. Em algumas escolas, a decisão foi falar abertamente sobre o tema para que crianças e adolescentes entendam os riscos envolvidos. No Colégio Marista João Paulo II, de Brasília, professores fizeram o alerta de sala em sala durante a manhã desta quarta-feira (12/02/2020).

“A escola é um ambiente social, esses conteúdos chegam para nossos estudantes – de um jeito ou de outro. O nosso entendimento é o de incentivar a reflexão para que os estudantes tenham cuidado com eles próprios e com os colegas”, frisa a orientadora educacional dos anos finais do Colégio Marista João Paulo II, Ariana Magalhães.

O sindicato das escolas particulares de ensino do DF (Sinepe) foi procurado por pelos menos duas instituições de ensino pedindo orientações sobre a situação. “Como os vídeos viralizaram, esse conteúdo chegou aos estudantes e aos pais. Nosso conselho é que o assunto seja tratado com clareza e transparência para que os alunos não reproduzam práticas perigosas”, explica Ana Elisa Dumont, presidente interina da entidade sindical.

Ana Elisa reforça que as “modinhas da internet” podem ser usadas como oportunidades pedagógicas. No caso da “brincadeira da rasteira”, estariam envolvidos conceitos como autocuidado, empatia e cidadania digital. “São conteúdos que podem ser aproveitados para incentivar reflexões sobre as consequências físicas e psicológicas de se imitar o que se espalha pela rede”, enfatiza.

A Secretaria de Educação do DF informou que o desafio da rasteira ainda não foi registrado em escolas da rede pública do DF e que a pasta mantém iniciativas permanentes para discutir temas relacionados à saúde física e mental dos estudantes.

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