Apenas 2% das doses da vacina foram aplicadas na África, denuncia OMS
Países africanos dizem querer comprar doses, mas reserva para reforços e restrições de exportação dificultam avanço da vacinação
atualizado
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Em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira (14/9), diretores da Organização Mundial de Saúde (OMS) e convidados afirmaram que, de todas as doses de vacina contra a Covid-19 aplicadas no mundo, apenas 2% foram administradas na África. No continente, apenas 3,5% da população foi completamente imunizada até o momento.
“Não é algo que prejudica apenas as pessoas da África, mas a todos nós. Quanto mais tempo essa desigualdade continuar, mais o vírus vai continuar circulando e se mutando. Posso parecer um disco arranhado, mas não ligo, vou continuar pedindo igualdade na distribuição das vacinas”, diz Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da organização.
Apenas dois países africanos conseguiram alcançar 40% de pessoas completamente vacinadas. “Não é porque as nações não têm capacidade ou experiência para aplicar as vacinas. É porque foram deixadas para trás pelo resto do planeta”, critica Ghebreyesus.
O enviado especial da União Africana à coletiva, Strive Masiyiwa, lembrou que, apesar de o continente receber algumas doações, os países querem comprar as próprias doses ao mesmo tempo. “Apreciamos as doações, mas queremos comprar também. Pedimos aos países que colocaram restrição nas exportações de vacinas ou de ingredientes que as retirem, elas dificultam muito. Poderíamos ter lidado com a situação de forma muito diferente, e agora vamos começar a instalar nossas próprias fábricas”, explica o representante dos países africanos.
Os fabricantes dizem que há imunizantes suficientes para cobrir toda a população mundial, mas grande parte já está reservada para países ricos que compraram a produção com o objetivo de aplicar a terceira dose e boosters. A organização pediu mais uma vez que as doses sejam direcionadas com prioridade para a Covax, iniciativa montada para garantir a distribuição das vacinas para todos os países.
Os diretores da OMS voltaram a lembrar da moratória da terceira dose, pedindo mais uma vez que países mais ricos deixem para aplicar reforço das vacinas apenas depois que todo o mundo atingir pelo menos 40% da população completamente imunizada. “Não é uma questão só de segurar as doses, nós não temos evidências que o uso é necessário, as vacinas são suficientes até agora. Não estamos no momento de recomendar o booster”, explica Katherine O’Brian, diretora de imunizações da OMS.
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