metropoles.com

Antidepressivos: como interromper o uso sem prejudicar a saúde?

Para evitar a “síndrome de retirada” e efeito rebote, médicos e pacientes têm de pensar juntos em uma estratégia par deixar os remédios

atualizado

Compartilhar notícia

Getty Images
Imagem colorida: remédios antidepressivos sobre a mesa e mulher no fundo com a mão na cabeça - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida: remédios antidepressivos sobre a mesa e mulher no fundo com a mão na cabeça - Metrópoles - Foto: Getty Images

Interromper o uso de antidepressivos pode dar origem a uma “síndrome de retirada”. Essa condição é causada pela suspensão da medicação em um momento no qual o cérebro ainda não se acostumou a operar sem ela. Encontrar o ajuste certo que permita contornar o problema, porém, é mais difícil do que parece.

A “síndrome de retirada” ocorre, principalmente, em quem faz uso de antidepressivos potentes. Se há uma suspensão abrupta da dose, a condição pode aparecer com sintomas variados, indo desde os típicos da gripe, num estágio leve, até um efeito rebote em casos graves, que pode intensificar a doença anteriormente tratada com a medicação.

“Assim como devemos ter cuidado antes de tomar uma medicação, é importante buscar a orientação médica antes de suspender seu uso para que se adote a melhor estratégia”, diz o psiquiatra Alexandre Valverde, de São Paulo.

O médico esclarece que a suspensão de medicamentos antipsicóticos e do lítio podem causar efeitos rebotes, levando a recaídas das doenças originais. Já no caso de outros tipos de medicamentos, a retirada antes de um período de adaptação pode levar a dores de cabeça, náusea e fadiga extrema.

O psiquiatra afirma que é preciso haver um diálogo constante entre médico e paciente e também um planejamento para traçar estratégias que possibilitem segurança em relação à medicação.

Síndrome de retirada ou de abstinência?

Embora por vezes os sintomas dos quadros se confundam, Valverde esclarece que a síndrome de retirada de um antidepressivo não é a mesma coisa que a abstinência de dependentes químicos. “A abstinência é um processo específico de drogas depressoras. Ela causa taquicardia, confusão mental, sinais de uma dependência muito intensa e violenta”, esclarece Valverde.

“Além disso, o uso dessa palavra abstinência traz uma carga moral para o tratamento psiquiátrico que não é adequada. Estamos falando de reações decorrentes do uso necessário de uma medicação”, completa o médico.

Quanto tempo dura a “síndrome de retirada”?

O tempo de duração da adaptação ao fim do uso do remédio varia de acordo com a sensibilidade de cada paciente, podendo chegar a meses. Quando há substâncias que agem de forma mais intensa no corpo, alterando o metabolismo, o período é ainda mais longo.

Entre as medicações que passam por essa espécie de desmame, o especialista ressalta os antidepressivos de ação dupla, como a duloxetina e a venlafaxina, além de ansiolíticos como o Diazepam e o Rivotril. Nestes casos, a retirada pode levar até três meses para evitar os sintomas.

“Interromper uma medicação é algo que leva tempo e deve respeitar um protocolo para acostumar o corpo do paciente. Antes de tudo, temos que identificar se o paciente está recuperado e ir reduzindo a dosagem da medicação semanalmente em cerca de 25% para observar que efeitos. Só se suspende uma medicação de forma abrupta, se ela tiver causado efeitos colaterais, de resto, tudo tem o seu curso”, diz o psiquiatra.

Dependência psicológica

Além das alterações no organismo que levam à “síndrome da retirada”, é comum que pacientes que tomavam antidepressivos, ansiolíticos e outros passem a se sentir inseguros quando estão sem a medicação. Esta sensação de falta de confiança também é avaliada no momento de se fazer a retirada de uma medicação.

“É comum que as pessoas tenham certa insegurança de voltar a ter crises e alguns pacientes até mantém o medicamento na bolsa mesmo que não tenham que usá-lo, como uma forma de garantia. Mas isso também é trabalhado, a retirada é explicada e se há muita resistência do paciente, ela pode até ser repensada”, diz Valverde.

Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSaúde

Você quer ficar por dentro das notícias de saúde mais importantes e receber notificações em tempo real?