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Antibióticos afetam desenvolvimento do cérebro de crianças, diz estudo

Estudo verificou que a exposição aos remédios ainda no útero ou nas primeiras semanas pode alterar funções cognitivas

atualizado

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1 de 1 cérebro - Foto: Westend61/Getty Images

De acordo com uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (14/7) na revista científica iScience, do grupo Cell, o uso de antibióticos durante as primeiras semanas de vida ou ainda no útero pode afetar o desenvolvimento do cérebro da criança e gerar alterações nas funções cognitivas e emocionais.

Os cientistas da universidades de Rutgers e de Nova York, ambas nos Estados Unidos, observaram camundongos que receberam doses baixas de penicilina, um dos antibióticos mais utilizados no mundo, ainda no útero, ou imediatamente após o nascimento. Eles foram comparados com ratinhos nunca expostos ao medicamento.

Os animais que receberam o remédio tiveram mudanças na microbiota intestinal, alterações na expressão gênica no córtex frontal e na amídala — as regiões do cérebro estão ligadas ao desenvolvimento da memória, medo e estresse. Algumas das consequências que podem ser potencialmente observadas no futuro seriam distúrbios neuropsiquiátricos ou neurodegenerativos.

Segundo os pesquisadores, os resultados corroboram com a teoria que o trato intestinal e as bactérias, fungos e outros micro-organismos presentes na região estão ligados diretamente com o cérebro.

“Nas últimas décadas, tem ocorrido um aumento na incidência de transtornos do neurodesenvolvimento infantil, incluindo transtorno do espectro do autismo, transtorno de déficit de atenção, hiperatividade e dificuldades de aprendizagem. Embora o aumento da consciência e do diagnóstico sejam provavelmente fatores que contribuem para isso, interferências na expressão gênica cerebral no início do desenvolvimento também podem ser responsáveis pela situação”, explica, em nota, Martin Blaser, autor do estudo.

Ele afirma ainda que os resultados encontrados sugerem a redução do uso de antibióticos nas primeiras semanas de vida, ou a busca de outras alternativas para os remédios. Blaser e seus colegas apontam ainda que é preciso fazer outros estudos para determinar se os medicamentos afetam o desenvolvimento do cérebro diretamente, ou se a relação realmente se dá pelo microbioma intestinal.

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