Pessoas com ansiedade correm maior risco de ter demência, diz estudo
Pesquisadores sugerem que a ansiedade pode ser um fator de risco modificável para a demência, incentivando o tratamento do transtorno mental
atualizado
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Viver com ansiedade pode aumentar as chances de uma pessoa desenvolver demência, de acordo com um estudo feito na Universidade de Newcastle, na Austrália. A pesquisa é a primeira a comparar os efeitos da ansiedade crônica “recente” e “resolvida” ao risco do comprometimento cognitivo.
Para os autores do estudo, publicado nesta quarta-feira (24/7) no Journal of the American Geriatrics Society, os resultados sugerem a possibilidade de a ansiedade ser um fator de risco modificável para demência.
“As descobertas sugerem que a ansiedade pode ser um novo fator de risco a ser usado como alvo na prevenção da demência e também indicam que o tratamento da ansiedade pode reduzir esse risco”, considera o autor representante do estudo, Kay Khaing, em comunicado à imprensa.
A ansiedade é o transtorno mental mais comum do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), afetando 301 milhões de pessoas em 2019. As mulheres são mais atingidas do que homens.
Ansiedade aumenta risco de demência
O estudo australiano foi feito com 2.132 pessoas com mais de 60 anos – a idade média foi de 76 anos. Elas foram divididas em três grupos com base na idade: 60-70, 71-80 e 81+. Depois disso, os participantes foram acompanhados ao longo de aproximadamente 10 anos.
A ansiedade foi avaliada uma vez no início do estudo e novamente após cinco anos. Assim, os pesquisadores puderam monitorar quem tinha ansiedade “crônica” (observada no início e no fim do estudo); “resolvida” (quando o paciente apresentava no início, mas não no final); e “nova” (para os que só apresentaram sintomas no final).
Na conclusão da pesquisa, as pessoas com ansiedade crônica e ansiedade de início recente foram associadas a riscos 2,8 e 3,2 vezes maiores de ter demência, respectivamente. As chances foram ainda maiores entre os adultos diagnosticados com ansiedade antes dos 70 anos: eles eram até sete vezes mais propensos a desenvolver a condição.
Por outro lado, as pessoas que resolveram a ansiedade não tiveram um risco maior de demência do que indivíduos sem ansiedade atual ou passada.
Por que a ansiedade pode aumentar o risco de demência?
Os pesquisadores acreditam que a relação existe porque as pessoas com transtornos mentais são mais propensas a terem comportamentos de risco, como fumar ou ter uma dieta desequilibrada. O estilo de vida é um fator já conhecido por levar ao declínio cognitivo.
“Pessoas com ansiedade são mais propensas a adotar comportamentos de estilo de vida pouco saudável, incluindo dieta inadequada, sedentarismo e tabagismo, o que pode levar a doenças cardiovasculares, fortemente associadas à demência”, escreveu a equipe.
Além disso, a ansiedade causa o aumento do cortisol, o hormônio do estresse. Em casos de pacientes com estresse crônico há uma hiperestimulação da produção da substância no organismo, levando à inflamação no cérebro.
Para explicar o risco mais elevado entre as pessoas com idades entre 60 e 70 anos, os pesquisadores afirmam que ter ansiedade em idades mais jovens aumenta o risco de doenças cardíacas e outros problemas ao longo do tempo que têm sido associados à demência.
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