Análise genética identifica origem do novo coronavírus no Brasil
Nova pesquisa conclui que o vírus já circulava no Rio de Janeiro antes da confirmação dos casos importados da Europa e dos Estados Unidos
atualizado
Compartilhar notícia
O primeiro caso de novo coronavírus registrado no Brasil ocorreu em 25 de fevereiro, em São Paulo. Um homem de 61 anos testou positivo após retornar de viagem da Itália. O caso importado, no entanto, muito provavelmente já caminhava paralelamente à disseminação local do vírus. É o que revela uma pesquisa liderada pela Universidade de São Paulo (USP), após análise genética que reconstruiu a história do Sars-CoV-2 no Brasil.
Sabe-se que o novo coronavírus circulava pelo país no início de março, mais precisamente no Rio de Janeiro. Para refazer esse histórico, laboratórios públicos e privados desenharam a árvore filogenética do vírus (representação gráfica da evolução).
A Dasa, líder em medicina diagnóstica na América Latina, contribuiu com o sequenciamento do genoma completo de oito brasileiros infectados no início da pandemia.
Entre os casos analisados, seis coincidiam com as variações do vírus encontradas na Europa e nos Estados Unidos. Dois deles, no entanto, foram considerados casos autóctones (disseminação de origem interna). Os dois pacientes não tinham histórico de viagem internacional e nem contato com pessoas de fora.
“Fizemos a avaliação do mapeamento do vírus e eles não têm características semelhantes aos vírus dos EUA ou da Itália. Se aproxima do banco de dados do chinês. A conclusão que chegamos é que nesse mesmo período (início de março) tínhamos a circulação do vírus no Brasil. O primeiro caso notificado à vigilância do Rio de Janeiro foi no dia 5/3 e os casos autóctones identificados nesta pesquisa foram no dia 6/3, já com um vírus distinto dos outros isolados de casos importados”, afirma Gustavo Campana, diretor médico da Dasa.
O estudo
A pesquisa também foi realizada em parceria com a professora da FMUSP, Ester Sabino, conhecida pelo 1º sequenciamento do genoma completo de isolado brasileiro do novo coronavírus. Estes isolados cariocas estão inseridos em um grupo de 500 vírus brasileiros sequenciados pelo grupo da professora Ester Sabino, em parceria com o Dr. Nuno Faria, da Universidade de Oxford, Reino Unido.
Eles permitem uma análise detalhada e dinâmica da evolução destes vírus em função de variáveis como a mobilidade registrada nos diferentes estados brasileiros, as viagens domésticas e internacionais e os óbitos verificados, entre outras.