Análise de fezes milenares revela mudanças na flora intestinal
Estudo publicado quarta-feira (12/5) na revista Nature mostra como genes resistentes a antibióticos são mais comuns hoje
atualizado
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Um grupo de cientistas de EUA, México, Canadá, Itália, Dinamarca e Alemanha analisou fezes de mais de mil anos de idade para reconstruir o genoma de microrganismos que habitavam o interior do corpo humano, mapeando a diversidade que havia em comparação com a microflora intestinal do ser humano contemporâneo.
A perda da diversidade microbiana intestinal em populações industriais está associada a doenças crônicas. No entanto, relativamente pouco se sabia sobre a composição da flora intestinal das populações pré-industriais.
Os cientistas analisaram o DNA microbiano encontrado em paleofezes humanas indígenas (excrementos dessecados) de cavernas excepcionalmente secas em Utah, nos Estados Unidos, e no norte do México. “As amostras apresentaram níveis extremamente altos de sequenciamento genômico”, disse o investigador Aleksandar Kostic, PhD, autor sênior do artigo que apresenta o trabalho.
O resultado do estudo, publicado nesta quarta-feira (12/05) na revista Nature, mostra que a flora intestinal encontrada nas paleofezes é mais similar à das populações não industrializadas – caso de algumas tribos que vivem de forma isolada na Amazônia e nas ilhas Fiji, por exemplo. Um dos micróbios “perdidos” com a industrialização é o Treponema succinifaciens.
A pesquisa também revela a presença de grande quantidade de enzimas capazes de digerir quitina nos cocôs antigos. A quitina é um tipo de carboidrato comumente encontrado em exoesqueletos de insetos e também em cogumelos e outros fungos, o que dá uma ideia do tipo de dieta alimentar dos nossos antepassados.
Também foram comparadas as quantidades de enzimas capazes de digerir o amido. Era mais fácil encontrá-las antigamente e em populações não industrializadas, provavelmente devido a uma maior ingestão de carboidratos complexos (como grãos integrais e certos tubérculos in natura).