Anabolizantes são mais perigosos para jovens, dizem especialistas
Adolescentes que usam anabolizantes, recentemente restringidos pelo CFM, podem sofrer graves consequências em seu desenvolvimento
atualizado
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O uso de terapias hormonais para ganho de massa muscular foi proibido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) na última terça (11/4). A medida foi tomada para proteger os usuários dos graves efeitos adversos do uso de esteroides e contribuir para que adolescentes tenham um desenvolvimento físico seguro.
A pouca idade não protege os jovens das pressões estéticas por um corpo perfeito. O uso de esteroides por menores de idade é tratado com naturalidade entre frequentadores de fóruns de hipertrofia: “Tenho 17 anos e malho há pouco mais de um ano. Me aconselharam fazer um ciclo de D*** 2x por semana. O que vocês acham?”, pergunta um adolescente em um dos sites mais buscados do ramo.
Impactos múltiplos
“O uso prolongado de esteroides anabolizantes pode levar a uma série de efeitos colaterais, como aumento da pressão arterial, do colesterol ruim e do risco de doenças cardíacas, disfunção erétil, diminuição da produção de testosterona natural pelo organismo, crescimento das mamas em homens, acne e queda de cabelo, entre outros”, explica a hepatologista Daphne Morsoletto, do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba.
Além das consequências graves observadas em adultos, o uso dos esteroides em adolescentes também influencia de forma irreversível a formação de seus corpos. “O uso de terapias hormonais desnecessárias em adolescentes tem impactos no desenvolvimento físico, mental e até sexual desses jovens”, afirma a médica Elisa Franco de Assis Costa, de Goiânia, que participa dos estudos do CFM para restrição de uso dos hormônios desde 2012.
“O uso de esteroides pode afetar o desenvolvimento do sistema reprodutivo de adolescentes e causar alterações irreversíveis na estrutura óssea deles”, complementa Daphne.
A campanha #BombaToFora foi elaborada com psicólogos, psiquiatras e endócrinologistas para alertar sobre o impacto do uso de anabolizantes por menores de idade. A ação elencou uma série de impactos que podem ser observados na saúde de quem usa os aditivos:
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- Mental: o uso de esteroides para ganho de massa, geralmente derivados da testosterona, tem impactos na regulação de humor e de comportamento dos adolescentes, já afetados pelos hormônios próprios da idade. Adolescentes que usam anabolizantes costumam ter um comportamento altamente impulsivo e agressivo, se envolvendo em mais casos de violência e de risco à vida.
- Desenvolvimento: o uso dos hormônios leva ao fechamento das cartilagens, medida que, na prática, resulta em adultos mais baixos do que poderiam ter sido. Também é comum encontrar jovens que usaram esteroides com hérnias de disco.
- Fígado: um dos órgãos mais afetados, além do coração e do cérebro, é o fígado. Adolescentes que usam hormônios demais enfrentam o desenvolvimento de icterícia (pele amarelada) irreversível e de quadros de insuficiência que podem ser fulminantes e fatais.
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Causas e tratamentos possíveis
Para endocrinologistas, um dos fatores que mais motiva os meninos a buscar o uso dos esteroides é a vida em contextos de violência. Histórico familiar de abuso de drogas e violência costumam acompanhar os jovens que recorrem a esses recursos, segundo a campanha #BombaToFora.
Para interromper o ciclo de dependências, os profissionais de saúde recomendam que pais e professores estejam atentos aos adolescentes, especialmente os meninos que desenvolvem uma obsessão com a academia.
É importante procurar atendimento médico e psicológico caso se descubra o uso destas substâncias, já que interromper seu uso pode reverter algumas das consequências físicas apresentadas. “O acolhimento e o suporte especializado são fundamentais na prevenção ou no abandono do uso de esteroides por adolescentes”, afirma Elisa.
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