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“O amor me fez seguir”, diz homem que ficou tetraplégico após mergulho

Casal viralizou no TikTok e agora faz rifa para tentar conseguir o dinheiro necessário para os tratamentos de fisioterapia de Elder

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Foto mostra um casal com um homem de barba e uma mulher encostando a cabeça na dele. Ela tem os olhos fechados e uma criança em seus braços - Metrópoles
1 de 1 Foto mostra um casal com um homem de barba e uma mulher encostando a cabeça na dele. Ela tem os olhos fechados e uma criança em seus braços - Metrópoles - Foto: Acervo pessoal/Metrópoles

No Natal de 2019, aos 27 anos, Elder de Souza Santos decidiu mergulhar em um rio próximo à sua casa. Em um instante, a vida dele e de toda a sua família mudou. O jovem sofreu um acidente e teve uma lesão na medula: acabou ficando tetraplégico.

O caso de Elder ficou famoso no último dia 18/7 quando um vídeo feito por sua esposa, Maira Lazarini, viralizou no TikTok. Nele, ela mostra os cuidados que tem com o marido, um homem de mais de 1,90 m de altura, na hora de transferi-lo da cadeira de rodas para a cama.

“No começo, a gente postava para tentar abrir portas. Já tínhamos gasto todo o dinheiro que tínhamos e estávamos buscando alguém para nos socorrer. Mas acabamos ganhando muito gás com os comentários”, afirma Maíra. Esse novo ar era o que a família precisava depois do acidente.

No começo de 2020, Elder recebeu o diagnóstico de que não conseguiria se mover do pescoço para baixo. A isso se somou o isolamento social da pandemia e a falta de fisioterapias específicas para tetraplégicos, essenciais no início do tratamento. Com este combo, a família viveu um luto. Naquele momento, Maira estava grávida de cinco meses.

“Não é fácil. Eu não conseguia parar de pensar em como uma coisa tão simples tinha mudado a minha vida e no peso da palavra tetraplégico. Mas o amor da minha família me fez continuar. Minha esposa literalmente me arrastou até aqui, então tenho que ser feliz por ela, por nós”, diz Elder.

A lenta recuperação

Embora o acidente tenha sido um instante, a recuperação de suas consequências se prolongam até hoje. “Vendemos tudo que tínhamos, casa, carro, fomos morar com minha sogra para poder custear o tratamento. Não me arrependo, conseguímos muitas vitórias com as fisioterapias e as cirurgias”, diz Elder.

O último procedimento feito por ele foi uma cirurgia de transferência de nervos de seu braço direito, que tem movimentação de punho, para o esquerdo, em uma tentativa de recuperar este movimento também no outro braço. Hoje ele tem controle de tronco, consegue ficar sentado e até comer com talheres adaptados.

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Heitor, filho de Elder, ainda não era nascido na época do acidente
Elder defende que foi família que o tirou do luto após ficar tetrapléfico
Fisioterapia permitiu que, mesmo tetraplégico, Elder voltasse até a ficar de pé com auxílio de suportes
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Elder afirma que a esposa que o arrastou até onde estão

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Heitor, filho de Elder, ainda não era nascido na época do acidente

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Elder defende que foi família que o tirou do luto após ficar tetrapléfico

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Fisioterapia permitiu que, mesmo tetraplégico, Elder voltasse até a ficar de pé com auxílio de suportes

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Segundo a fisioterapeuta Patricia Lacombe, da Aira Saúde, que faz reabilitação neurofuncional, é importante para a pessoa continuar se exercitando diariamente para manter a saúde: tanto a dos músculos, mesmo os inativados, quanto a mental, principalmente para alguém tetraplégico.

“A fisioterapia estimula a reconexão entre o cérebro e os membros que perderam o movimento. A gente tem memórias do funcionamento dessa musculatura, de quando ela era ativada, por isso muitas vezes conseguimos fortalecer e até recuperar movimentos perdidos em lesões de nervos”, aponta a fisioterapeuta.

Esses tratamentos, porém, têm um alto custo financeiro. É por isso que a família de Elder criou uma rifa com um prêmio de 10 mil reais. Os bilhetes estão à venda por R$ 4,99 e o sorteio está marcado para 29/7. “É um meio para nos ajudar a manter o tratamento”, diz Maira.

Tetraplégico, mas sem filtro

Desde que foram para as redes sociais compartilhar o dia a dia, o casal conseguiu vários fãs que acompanham o progresso do tratamento de Elder e também as dificuldades de convívio deles com o diagnóstico.

“Todo mundo esperava que eu fosse compartilhar só o lado romantizado de ser casada com um tetraplégico: se idealiza muito a minha posição, como se eu fosse uma super-mulher. Mas é duro, é cansativo, às vezes dá vontade de desistir. No entanto, foi dividindo que acabei tocando o coração de outras mulheres passando pela mesma situação”, diz Maira.

Embora as dificuldades estejam presentes nas redes da família, também está a felicidade de cada pequena vitória, como os tratamentos que permitem a Elder, com auxílio de suportes, ficar de pé.

“Adoro a fisioterapia no dia que me colocam de pé. É uma sensação magnífica. A gente não agradece essa capacidade de se levantar e olhar as pessoas no olho, mas é muito gratificante enxergar a vida de cima. Não vejo a hora de poder voltar a ver o mundo assim. Creio em Deus e na ciência que um dia vamos chegar lá e conseguir fazer com que ser tetraplégico seja algo do passado”, conclui ele.

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