Álcool e cafeína são as drogas psicoativas mais consumidas na pandemia
Neurocientista estadunidense Carl Hart afirma que as duas substâncias proporcionam benefícios adequados ao momento de estresse atual
atualizado
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A pandemia da Covid-19 contribuiu para que as pessoas consumissem mais álcool e cafeína, duas drogas psicoativas de fácil acesso para a população, de acordo com o neurocientista estadunidense Carl Hart.
As substâncias psicoativas agem no sistema nervoso central e causam alterações na função cerebral que modificam temporariamente o humor, a consciência, o comportamento e a percepção do indivíduo.
Em entrevista à BBC News Brasil, o professor do departamento de Psicologia e Psiquiatria da Universidade Columbia, em Nova York, atribui o aumento do consumo aos efeitos que o álcool e a cafeína proporcionar em uma situação estressante como a atual.
O álcool pode contribuir para o alívio da ansiedade, enquanto a cafeína – presente no café, no chocolate e em remédios como analgésicos e inibidores de apetite – aumenta a energia. “Não é difícil perceber como essas qualidades podem ser benéficas em uma situação estressante como essa”, pondera.
Hart é conhecido por fazer estudos científicos que desmistificam a ideia de que drogas necessariamente fazem mal aos usuários. Ele acredita que, apesar do aumento do consumo do álcool e da cafeína, isso não resultará em dependência após a pandemia da Covid-19.
O professor norte-americano se prepara para lançar um novo livro neste mês. Drug Use for Grown-Ups: Chasing Liberty in the Land of Fear (Uso de drogas para adultos: em busca da liberdade na terra do medo, em tradução livre). A publicação terá um capítulo inteiro sobre o Brasil e a política antidrogas aplicada no país.