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Adultos com doenças crônicas têm mais risco de demência, diz estudo

Pesquisadores afirmam que pessoas com multicomorbidades, como pressão alta, diabetes e depressão são mais propensas a desenvolverem demência

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Hugo Barreto/Metrópoles
Maquete de cérebro é exposta ao lado de equipamentos médicos
1 de 1 Maquete de cérebro é exposta ao lado de equipamentos médicos - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O número de adultos acima de 40 anos com demência em todo o mundo deve quase triplicar até 2050, passando de cerca de 57 milhões em 2019 para 153 milhões, segundo dados do Global Burden of Disease Study. Acredita-se que os principais motivos para o aumento seja o crescimento e o envelhecimento populacional.

Pesquisadores da University College London, no Reino Unido, descobriram, em estudo publicado na revista científica BMJ em dezembro de 2021, que pessoas com pressão alta, diabetes, doença cardíaca coronária, depressão e doença pulmonar crônica são mais propensas a desenvolverem a disfunção cerebral.

De acordo com o artigo, ter apenas duas das condições relatadas aumenta consideravelmente o risco de demência, com perigo ainda maior se forem desenvolvidas até os 50 anos e não mais tarde na vida. Foram examinados os registros de saúde de mais de 10 mil homens e mulheres britânicos que participaram do Estudo Whitehall II.

Os voluntários ingressaram entre 1985 e 1988, quando tinham entre 35 e 55 anos e sem histórico de demência. Do grupo, apenas 6,6% tinham outras doenças aos 55 anos — na última análise, 32% dos participantes com 70 anos tinha alguma comorbidade.

Ao longo do período de acompanhamento, que durou 32 anos, foram encontrados 639 casos de demência. O estudo descobriu que além das características dos participantes – idade, sexo, etnia, educação, dieta e comportamentos de estilo de vida – as multicomorbidades elevavam o risco de desenvolver a demência em 2,4 vezes para quem foi diagnosticado com as doenças antes dos 55 anos.

Entre os que só começaram a ter as condições entre os 60 e 65 anos, o risco de demência foi 1,5 vezes maior do que os participantes que não tinham outras comorbidades.

“Isso significa que, embora seja importante manter-se saudável o maior tempo possível, evitar doenças como diabetes tipo 2 e pressão alta enquanto se é jovem é duplamente importante. Dada a falta de tratamento eficaz para a demência e suas implicações pessoais e sociais, é imprescindível encontrar alvos para a prevenção da doença”, registraram os autores.

Essas descobertas destacam o papel da prevenção e gestão de doenças crônicas ao longo da fase adulta para reduzir os impactos na velhice.

“A multicomorbidade já é conhecida por afetar o uso de serviços de saúde, qualidade de vida e risco de mortalidade. Nosso estudo adiciona a demência a essa lista”, enfatiza a equipe.

Demência

Demência é o termo geral para descrever o declínio das habilidades mentais, como memória, linguagem e raciocínio, que persiste por toda a vida e pode interferir com as atividades normais da pessoa e seus relacionamentos. Pessoas que sofrem com a condição podem se tornar confusas, incapazes de lembrar as coisas ou perder habilidades que antes tinham, incluindo as tarefas do dia-a-dia.

Às vezes, podem não reconhecer familiares ou amigos e alguns apresentam comportamento agitado. Apesar de ser mais frequente em idosos, a demência não é uma consequência normal do envelhecimento.

No Brasil, o estudo da Global Burden of Disease estima que haverá um aumento de 206% no número de pessoas vivendo com demência nas próximas décadas. De cerca de 1,8 milhões de casos em 2019, o país poderá atingir 5,6 milhões de indivíduos com a condição em 2050.

O aumento mais significativo da doença deve ocorrer no leste da África Subsaariana, com uma alta de 357%, saltando de quase 660 mil em 2019 para mais de 3 milhões em 2050. A principal explicação do estudo é o crescimento populacional, e os países que mais preocupam são Djibouti (473%), Etiópia (443%) e o Sudão do Sul (396%).

Por outro lado, os aumentos mais discretos de casos estão previstos para as nações de alta renda da Ásia-Pacífico. O número de indivíduos com demência na região deve crescer 53%, de 4,8 milhões em 2019 para 7,4 milhões em 2050. No Japão, o aumento estimado é de 27%, de 4,1 milhões para 5,2 milhões de casos.

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