Adotar um cachorro ajuda a combater o sedentarismo e melhora a saúde
Na literatura médica, estudos atestam que passeios regulares na companhia de um animal contribuem de forma sensível para a melhoria da saúde
atualizado
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Em meio a rotinas atribuladas, nem sempre é fácil encontrar tempo e disposição para se exercitar. Mas a forma que talvez seja a mais fácil, e mais aprazível, de incluir os exercícios físicos na vida cotidiana passe longe das academias, mas perto dos petshops: adotar um animal de estimação.
Esta é uma medida oportuna e decisiva para se mexer porque, quem adota um cachorro, inevitavelmente vai precisar levá-lo para caminhar todos os dias (a não ser que more em uma casa com grande espaço livre) e esse pode ser o primeiro passo para uma vida fisicamente mais ativa. O benefício é, inclusive, descrito em evidências científicas.
O médico especialista em Medicina do Exercício e do Esporte, Marcelo Bichels Leitão, cita um estudo publicado em 2019 no periódico científico Scientific Reports, da Nature, que demonstrou que ter um cachorro em casa pode realmente ajudar a combater o sedentarismo.
“Foi feito um levantamento no Reino Unido e mostrou que donos de animais realizam de duas a quatro vezes mais atividade física em comparação com quem não tem um cachorro”, detalha o médico, que também é diretor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda de 150 a 300 minutos semanais de atividade física de baixa a moderada intensidade e, segundo a publicação, os participantes do estudo que já tinham um cão em casa atingiram essa recomendação sem precisar de atividades adicionais.
“O que notamos, ainda, é que o compromisso de levar um cachorro para passear melhora a questão das desculpas dadas para não se exercitar. Mesmo que os passeios aconteçam de forma fragmentada, em pequenos pacotes de caminhada, sabemos que isso funciona”, explica Leitão.
O médico lembra ainda que, por mais que a pessoa não faça exercícios mais vigorosos, o pouco que ela consiga se mexer já contribui no combate ao sedentarismo. Além disso, no plano de ação global da OMS contra o sedentarismo, lançado em 2018, destaca-se a importância de agir em várias frentes — inclusive levando o animal de estimação para dar uma volta pelo bairro.
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Benefícios para a saúde
A aptidão cardiorrespiratória, um dos maiores indicadores de saúde de um indivíduo, é uma das primeiras beneficiadas pela nova rotina de movimentação física. “Temos uma pessoa com condicionamento maior e melhoria nos aspectos metabólico e osteomuscular, com menos risco para osteoporose e câncer, e com mais controle da pressão e de marcadores como glicemia, colesterol e triglicerídeos, que respondem muito bem a exercícios de baixa e moderada intensidade feitos de forma regular”, elenca Marcelo.
Entre quatro e oito semanas após o início das caminhadas com um cachorro, o indivíduo pode esperar redução na pressão e nos níveis de açúcar no sangue, o que é especialmente importante para pacientes diabéticos. “Nem sempre esse ganho é suficiente para curar condições prévias, mas sempre falo para os pacientes da importância de se intervir em fatores como colesterol, pressão e triglicerídeos. Os ganhos são marcantes”, diz o médico.
Para começar
Caminhadas, em geral de baixa intensidade, feitas por quem não tem nenhuma manifestação de doença, histórico e dado clínico que sugira alguma condição especial, podem ser feitas sem maiores avaliações. “Contudo, se houver o plano de correr com o animal, é preciso um pouco mais de cuidado, uma vez que exercícios de intensidade elevada em alguém que, eventualmente, tenha algum fator de risco, podem deflagrar algumas situações”, diz o especialista.
Segundo Leitão, pessoas com idades acima de 40 anos e com fator de risco para problemas cardiovasculares devem procurar um médico de confiança, de preferência com experiência em exercício, para uma orientação individualizada. (Com informações da Agência Einstein)