“A esquizofrenia não me limita”, diz músico que gravou com Nando Reis
Allyson Mariano, músico de 36 anos, usa a arte para quebrar preconceitos contra as pessoas que sofrem com a doença
atualizado
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As doenças mentais ainda são encaradas com preconceito e discriminação, como é o caso do transtorno esquizofrênico. Allyson Mariano, de 36 anos, sofre com a esquizofrenia desde os cinco. “Eu tinha os sintomas característicos, e desde cedo fui sendo separado, e muito reprimido”, relata. Ele diz que foi nas palavras escritas, nos livros e na música que encontrou refúgio e conforto.
O diagnóstico só veio aos 27 anos e, segundo ele, foi decisivo para uma qualidade de vida melhor. “Quando você realmente sabe do que se trata, pode começar o tratamento, ajustar os remédios e chegar em um equilíbrio”, conta.
Allyson integra a campanha “Ouçam Nossas Vozes”, iniciativa da Janssen Brasil. A ideia é dissipar os mitos em torno da doença, como a crença de que os pacientes com esquizofrenia são incapazes de trabalhar ou viver com autonomia.
Esses e outros tabus criam um ambiente de exclusão, silenciando histórias de pacientes que mantêm a doença sob controle e, desta maneira, podem desenvolver todo o seu potencial e contribuir com a sociedade, como é o caso de Allyson. “Com minha música, quero deixar um legado e colaborar para dias melhores”, explica.
A canção homônima foi composta por Allyson Mariano e tem arranjo de Nando Reis. O coro contra o preconceito e para o acolhimento a pessoas com o distúrbio conta com o ator Babu Santana, a youtuber Hana Khalil, além de profissionais de saúde, representantes de associações de pacientes e cuidadores.
A campanha é apoiada pelo Programa de Esquizofrenia (Proesq), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Associação Mãos de Mães de Pessoas com Esquizofrenia (Amme); da Associação Crônicos do Dia a Dia (CDD); e da Associação Gaúcha de Familiares e Pacientes Esquizofrênicos (Agafape).
Esquizofrenia
A esquizofrenia é um transtorno mental grave que atinge cerca de 23 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a entidade, é a terceira doença que mais afeta a qualidade de vida na população de 15 a 45 anos de idade.
Estudos médicos mostram, por outro lado, que entre 40% e 71% dos pacientes não seguem corretamente o tratamento. Essa situação tende a se agravar na pandemia do novo coronavírus, afetando seriamente a qualidade de vida do doente e da família. “Com o tratamento, é possível ser feliz e construir um futuro. É nas diferenças que a gente se soma”, garante Allyson.
Psicoses, incluindo a esquizofrenia, são caracterizadas por distorções no pensamento, percepção, emoções, linguagem, consciência do “eu” e comportamento. O diagnóstico precoce é importante para que se estabeleça o tratamento com base em medicamentos e acompanhamento terapêutico.