A cada 100 mortes maternas, 28 não são registradas, mostra estudo
Pesquisadores do Observatório Obstétrico Brasileiro mostram que número é 35% maior que o oficial
atualizado
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Levantamento do Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr) divulgado nesta quinta (7/7) mostra que o número de mortes maternas no país é 35% maior do que a quantidade notificada oficialmente. A cada 100 óbitos registrados, 28 não constam na estatística de 2021, por exemplo.
Os pesquisadores analisaram os dados compilados de 2016 a 2021 — no período, foram registradas 11.436 mortes pelo Ministério da Saúde. De acordo com o OOBr, foram 17.119. Foram analisados dados públicos do governo federal para chegar ao número. São desconsideradas mortes por acidente, violência ou suicídio.
A OMS e o Ministério da Saúde consideram como morte materna as que acontecem do início da gestação até 42 dias depois do parto. O OOBr, em contrapartida, aponta a importância de levar em conta também as mulheres que morrem do 43º dia até o primeiro ano.
“A subnotificação falseia a real situação em relação à morte materna. Podemos ter uma situação que alguém morreu com 43 dias, e não entra na conta. Assim, pode-se achar que a mortalidade está caindo, mas é só uma transferência”, aponta a obstetra Rossana Francisco, da USP, em entrevista coletiva.
Ela alerta que a situação só mudará com a exposição e clareza dos dados: assim, as políticas públicas podem ser definidas e aplicadas. Incorporando os dados das mortes além do período indicado, o governo teria um número mais próximo do real para melhorar a atenção básica e o atendimento de mulheres em condição de risco.
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