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Oito razões pelas quais os diagnósticos de TDAH estão aumentando

Por muito tempo, presumiu-se que algo entre 5 e 6% das crianças tinham TDAH. Mas, na prática, as taxas costumam ser mais altas

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1 de 1 Imagem preto e branca borrada de pessoa balançando a cabeça - Metrópoles - Foto: Adrian Swancar/Unsplash

Artigo escrito pelo professor Sven Bölte, que leciona Psiquiatria da Criança e do Adolescente no Instituto Karolinska, na Suécia, para a plataforma de divulgação científica The Conversation.

Por muito tempo, presumiu-se que algo entre 5 e 6% das crianças tinham Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Mas, na prática, as taxas costumam ser mais altas.

Os Centros Americanos de Controle e Prevenção de Doenças estimaram, em 2022, a prevalência em 11,4% em crianças. O Conselho Sueco de Saúde e Bem-Estar relata que, também em 2022, 10,5% dos meninos e 6% das meninas receberam um diagnóstico de TDAH, o que representa 50% a mais do que em 2019. E o Conselho prevê que as taxas acabarão se estabilizando em 15% para meninos e 11% para meninas.

Então, quais podem ser as razões por trás do aumento surpreendente? Aqui estão oito causas possíveis, muitas das quais se sobrepõem e interagem entre si.

1. Vários diagnósticos feitos em uma mesma pessoa

Anteriormente, os médicos eram recomendados por manuais de diagnóstico e treinados para limitá-los em um indivíduo ao transtorno mais proeminente, e não fazer certas combinações de diagnósticos – por exemplo, autismo e TDAH. Hoje, é recomendado – e também é prática comum no setor de saúde mental – fazer quantos diagnósticos forem necessários para descrever e abranger significativamente os sintomas e desafios de uma pessoa.

2. Aumento do conhecimento e da conscientização dos profissionais

Há uma nova geração de profissionais trabalhando em serviços com maior conscientização e conhecimento sobre o TDAH. Isso levou à detecção mais precoce e ao diagnóstico de pessoas que, antes, eram negligenciadas, particularmente meninas e mulheres mas, também, adultos, em geral.

3. Redução do estigma

Em muitas sociedades, o TDAH é muito menos estigmatizado do que antes. Os médicos têm menos dúvidas sobre o diagnóstico, e aqueles que o recebem se sentem menos alvos de preconceitos. Para um número cada vez maior de pessoas, o TDAH tem menores conotações negativas e está se tornando uma parte natural das identidades das pessoas.

4. A sociedade moderna exige mais das habilidades cognitivas

O TDAH não é uma doença, mas uma composição defeituosa de traços cognitivos que existem em níveis mais funcionais, mesmo na população em geral, como “controle de atenção” (concentração) e habilidades organizacionais e de autorregulação. As sociedades modernas são rápidas e complexas, exigindo muito dessas características cognitivas. Então, pessoas com habilidades abaixo da média nas áreas cognitivas principais começam a ter dificuldades para lidar com as demandas cotidianas e podem receber um diagnóstico de TDAH.

5. Expectativas mais altas em relação à saúde e ao desempenho

Nossas expectativas sobre o próprio desempenho e em relação à saúde dos outros estão aumentando. A chamada “linha de base social” de saúde e desempenho médio é mais alta hoje. Portanto, podem expressar preocupações sobre o funcionamento de si mesmo e dos outros mais cedo e, com mais frequência, presumir que o TDAH pode ser uma explicação.

6. As mudanças nas escolas levaram a que mais alunos tivessem dificuldades

As escolas passaram por mudanças substanciais na forma como ensinam, com a introdução da digitalização e de mais aprendizagem baseada em projetos e grupos, bem como uma educação muito mais autodirigida.

Essas mudanças resultaram em um ambiente de aprendizado menos claro, incluindo crescentes exigências sobre a motivação dos alunos e suas habilidades cognitivas, fatores que podem dificultar o sucesso de pessoas com apenas alguns traços de TDAH. Também fez com que as escolas encaminhassem mais alunos que suspeitam ter TDAH para avaliação.

7. Os formuladores de políticas priorizam a avaliação

Políticos de muitos países têm tentado lidar com o aumento das taxas de diagnóstico, principalmente, tornando os pareceres médicos mais acessíveis para que as pessoas não tenham que esperar muito tempo para receber um diagnóstico.

Embora isso seja compreensível, aumenta o número de conclusões do transtorno e não se concentra em evitá-las, por exemplo, melhorando a forma como as crianças são ensinadas, os locais de trabalho – para torná-los mais amigáveis aos neurodivergentes – e oferecendo suporte sem exigir que a pessoa tenha um diagnóstico.

8. O diagnóstico garante o acesso a apoio e recursos

Na maioria das sociedades, os serviços são disponibilizados de tal forma que somente um diagnóstico clínico garante acesso a apoio e recursos. Muitas vezes, esta é a única maneira de as pessoas e suas famílias obterem suporte.

Em geral, não se faz muito por pessoas sem diagnóstico, pois os provedores de serviços não são reembolsados e, portanto, são menos obrigados a agir. Então, quem precisa de ajuda tem mais probabilidade de buscar ativamente um diagnóstico. E os profissionais estão mais inclinados a ajudá-los dando um diagnóstico, mesmo que a pessoa não atenda aos critérios para TDAH – um fenômeno chamado de “atualização de diagnóstico”.The Conversation

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