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5 atitudes que diferenciam um acumulador de um colecionador

Mudanças são perceptíveis pela forma como as pessoas juntam os objetos e, principalmente, como cuidam e guardam cada um deles

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Colecionador de álbum de figurinhas
1 de 1 Colecionador de álbum de figurinhas - Foto: Getty Images

Seja na infância ou na vida adulta, as pessoas fazem coleções. Papéis de carta, latas de cerveja, discos, moedas, insetos, selos e miniaturas são alguns dos temas mais comum. Existem ainda aqueles que guardam ingressos dos filmes que assistiram ou fotos do time do coração.

A moda do momento é colecionar as figurinhas dos jogadores da Copa do Mundo. Uma atividade que tem movimentado grupos em família, no trabalho e na escola com o objetivo de completar o álbum, antes de o mundial começar, em novembro, no Catar.

Por conta do hábito de reunir muitos objetos, alguns colecionadores chegam a ser confundidos com acumuladores. Porém as duas categorias são bem distintas. Uma é hobby, demanda organização, cuidado e prazer e é mais comuns em jovens e adultos. A outra é um transtorno mental, que provoca problemas de saúde e de relacionamento com amigos e familiares, e acomete principalmente pessoas idosas.

O psiquiatra do Hospital Santa Lúcia Norte e membro titular da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Fábio Aurélio Leite, explica quais são as diferenças nesses casos.

1 – Apreço aos objetos

Um ponto chave para distinguir um colecionador de um acumulador é a forma como eles lidam com os objetos. Segundo o médico, colecionadores sabem exatamente o que estão comprando. Além disso, eles limpam, emolduram e dedicam cuidados a cada um dos itens.

Os acumuladores, por sua vez, juntam qualquer coisa, até mesmo as que não têm valor. “Os objetos não oferecem utilidade para eles. Ou até oferecem, como uma panela, por exemplo, mas ficam jogados em casa. Geralmente, os acumuladores compram vários itens do mesmo objeto e vão juntando e entulhando de forma patológica”, explica o médico.

2 – Capacidade de se desfazer deles

Um bom colecionador lida com muita cautela e prudência e, claro, bastante afeição com cada item de sua coleção. Porém, quando tem algo repetido ou consegue um objeto de maior valor financeiro ou afetivo, desapega mais com facilidade.

Os acumuladores, por sua vez, têm dificuldades para agir assim. “Eles ficam bravos quando alguém quer jogar as coisas fora. Para eles, é como se fosse uma grande perda. Afinal, muitos se sentem sozinhos. Os objetos dão a eles uma sensação de propriedade, de poder, são uma espécie de autoafirmação no mundo. É onde essas pessoas se apoiam, por isso é tão complicado”, afirma Fábio Aurélio.

3 – Jeito de organizá-los

Os colecionadores costumam catalogar os objetos, reunindo-os em guarda-roupas ou estantes e até mesmo cômodos. Os itens são armazenados ou expostos sempre de forma organizada, para que eles tenham a exata noção do acervo e evitem adquirir coisas repetidas.

Quem tem o transtorno de acumulação convive em ambientes desorganizados e sujos que, muitas vezes, são insalubres. “Tem casos que chegam a um ponto tão extremo que os vizinhos começam a sentir um cheiro ruim, ficam incomodados e angustiados com a situação da casa e da pessoa”,  completa o psiquiatra.

Muitas vezes, ao perceber acúmulo de poeira, sujeira e, até mesmo, de baratas, são os vizinhos que chamam a família e até mesmo a prefeitura ou vigilância sanitária da cidade para intervir.

4 – Maneira como se auto-identifica

Um colecionador tem orgulho do que é. Aliás, o que motiva as pessoas próximas a colaborarem com a coleção. Muitos são membros de grupos de colecionadores e possuem até carteirinha.

Os acumuladores não se reconhecem como tal. Os diagnósticos costumam ser realizados por pessoas da família, quando visitam se assustam com a quantidade de objetos acumulados. “O indivíduo não consegue perceber que está vivendo naquela situação, perdendo total noção do que é inadequado e até perigoso”, reforça Fábio Aurélio.

5 – Interações sociais

Como no caso das figurinhas da Copa, muitos colecionadores se reúnem para trocar artigos, conversar e pesquisar. “As coleções são altamente sociais, pois existem encontros com outros colecionadores. É uma atividade que visa venda e troca, então o colecionador está sempre com outras pessoas”, detalha o médico.

No caso dos acumuladores, o isolamento precede a mania de juntar coisas, e, normalmente, está associado à idade ou ao afastamento dos familiares. Para os casos de acumulação, são indicadas terapias cognitivo-comportamental, psicoterapia, além de medicamentos antidepressivos e antipsicóticos.

O médico destaca que, ao identificar o quadro, a família deve insistir para que a pessoa se cuide. “Empatia e paciência, além de ações que tirem o paciente de casa – como sair para ver um filme, almoçar fora, encontrar amigos -, são igualmente essenciais para o tratamento”, aponta.

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