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Saiba como harmonizar vinho com pipoca

Não importa se você está sozinho, com a pessoa amada ou entre amigos: saiba que tudo ficará melhor com vinho e pipoca

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pipoca
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Em uma outra coluna escrevi sobre o vinho e o cinema, logo recebi uma mensagem da Anahides, uma amiga querida que é tão fã de vinho que resolveu abrir uma loja virtual de acessórios, a Winethings. Na mensagem, ela sugeria que fizéssemos exibições de filmes com a temática da bebida ou de gastronomia, reunindo amigos, sempre com vinho. Só tinha um detalhe, seria na minha casa. Topei na hora.

E com o rastilho da empolgação aceso, saí e comprei uma TV de 75 polegadas, um soundbar de última geração, selecionei os filmes e os vinhos e pronto, paramos por aí. Ainda não tivemos a primeira sessão de cinema.

Mas uma coisa eu resolvi, sempre teremos pipoca, afinal é o que mais combina com filmes. Mas será que a pipoca harmoniza com vinho? Sim! Combina e muito. Ainda mais agora com todos os sabores variados das pipocas gourmet.

Quando eu era criança, morava ao lado de uma escola e ficava vendo o velho pipoqueiro girando a manivela da pipoqueira. Logo após pipocar, saíam de lá as delícias salgadas ou doces. Não entendia o que acontecia com o milho para se transformar em pipoca e ficar maior do que era antes. Hoje, com o Google, sei que o interior do grão está cheio de água, que, sob calor intenso, se expande até explodir.

Outra coisa que não sabia (já falei da minha vasta ignorância sobre o tudo?) é de quando e onde surgiu a pipoca. Também fiquei curioso em saber quando foi que o milho de pipoca e o vinho foram apresentados um ao outro.

Pelo que se sabe, o milho vem pipocando nas Américas há milênios. Quando os invasores espanhóis chegaram ao México, em 1519, logo conheceram a “dança da pipoca” asteca e, é bem provável, que, quando engasgaram com o primeiro carocinho, beberam vinho para abrir o caminho. Portanto, vinho e pipoca são velhos conhecidos.

Vamos tratar da harmonização de vinho com pipoca. Como ela, em si, não tem um sabor muito pronunciado, o ingrediente principal a ser considerado será o tempero utilizado. Confira:

Gordua
O óleo ou a manteiga necessários na elaboração deixam a pipoca com uma leve gordura (muitas vezes nem tão leve assim). Essa gordura termina deixando nossa boca oleosa, por isso o vinho precisará ter uma boa acidez para limpar a boca, como os brancos jovens, com boa acidez, e espumantes.

Sal
O sal é um potencializador, ou seja, aumenta a sensação que percebemos dos sabores do vinho. O amargo dos taninos com o sal ficará mais amargo ainda. Mas, sabem aquele casamento tempestuoso, em que no final dá tudo certo? Assim é a maridagem entre a salinidade e a acidez. O sal ameniza a acidez mais intensa do vinho e valoriza seus sabores cítricos e frescor.

Para a pipoca salgada, aquela nossa velha companheira de infância, pode ser um vinho tinto leve mais jovem, com acidez alta e pouco encorpado, como um Pinot Noir. Vinhos brancos pouco aromáticos, como o Chardonnay, Sauvignon Blanc ou Chenin Blanc. O espumante branco brut é perfeito.

Dica do Sommelier: com os vinhos de boa acidez, acrescente raspas de limão-siciliano sobre a pipoca, combinando acidez com acidez.

Manteiga
A pipoca com manteiga pede um vinho capaz de resistir ao peso do sabor no paladar. Os brancos encorpados como o Chardonnay, com passagem por carvalho, Viognier, e novamente o espumante branco brut, principalmente os elaborados pelo Método Tradicional (Champenoise), que possuem notas amanteigadas, são ótimas pedidas.

Pipoca-doce
Um dia acordei fazendo xixi rosado, fiquei assustado até lembrar do saco de pipoca-doce rosa que havia comido na véspera. Para as pipocas caramelizadas, com açúcar ou chocolate, vamos para a regra de que o vinho tem de ter doçura igual ou maior que a sobremesa. Há quem diga que o caramelo é a matéria-prima dos bons sonhos. Não duvido. Vinhos de sobremesa, como os de Colheita Tardia (Late Harvest), Vinho do Porto branco, Tawny ou Ruby. Um espumante demi-sec ou Moscatel também serão bem-vindos.

Dica do Sommelier: não coma pipoca rosa.

Especiarias
Para pipocas com condimentos e especiarias como alho, pimenta, curry, páprica, temperos indianos ou tailandeses, ervas como o tomilho, etc., precisaremos pensar em um equilíbrio desses sabores intensos com o frescor e acidez do vinho. Um sabor residual de açúcar no vinho ajuda a reduzir o “calor” dos temperos. Os brancos Gewurztraminer, Riesling ou um Chardonnay jovem e frutado. Se optar pelo tinto, vá de Gamay, Merlot ou Pinot Noir.

Queijo
Pipoca com queijos como o cheddar, parmesão, brie ou camembert. Aqui já vamos optar por uns tintos com mais corpo, como Syrah ou Cabernet Sauvignon.

Qual o vinho coringa para harmonizar tanto com pipoca salgada como doce?
Para combinar com pipoca salgada ou doce, ou até com as duas juntas, o espumante rosé, com seu toque de doçura e sabores de frutas vermelhas, como o morango, funciona perfeitamente.

Caramelo com um toque de flor de sal
Uma combinação vitoriosa de sal e doce. A união dos extremos. Espumante branco brut, mas se não quiser borbulhas um Chenin Blanc irá muito bem.

Escolha o filme ou uma série favorita. Não importa se está sozinho, com a pessoa amada ou entre amigos, saiba que tudo ficará melhor com vinho e pipoca, esse sopro de delícia.

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