Taberna Lusitana traz comidas de além-mar nada óbvias
Nem tasca nem restaurante, casa portuguesa localizada na 412 Sul oferece pratos ainda pouco vistos em outros endereços do gênero
atualizado
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A cozinha portuguesa é vasta e cheia de nuances que passam bem além do óbvio bacalhau. É fato que o pescado que compõem pratos como lagareiro e o bolinho, a tornou conhecida em todo mundo, mas há muito para mais se deliciar em terras lusitanas. Estive por lá há alguns anos, percorrendo vinícolas da região do Alentejo e percebi quanta riqueza gastronômica é possível apreciar nas terras de além-mar.
Lembro-me muito bem dos embutidos, da sopa de pedra, dos ovos pochês mergulhados numa sopa morna e levemente ácida de tomates, da couve esparregada e de porco alentejano que era acompanhado por batatinhas incrivelmente cremosas. Uma maravilha!
Nesta semana, pude provar outras receitas que ainda não conhecia, na Taberna Portuguesa, que abriu as portas em 23 de dezembro, antevéspera de Natal de 2021. A casa fica na 412 Sul e se diz um meio termo entre a tasca, empreendimento bem informal que encontramos pelas ruas daquele país, e um restaurante. Realmente, o ambiente não tem nenhum atrativo chique, como toalhas brancas e garçons engravatados. Mas de todo o modo é bastante agradável, com cadeiras e mesas em madeira, jogos americanos de tom ocre.
Já o atendimento muito de acordo, atencioso, prova de que vestimenta classuda não quer dizer muita coisa. Eu me sentei no espaço aberto, no fundo da loja. O dia estava fresco e a brisinha, gostosa. Curti.
“As receitas são de familiares portugueses e outras típicas de todas as regiões de Portugal”, me disse Angélica Campos, brasileira que abriu o negócio ao lado do marido, o português Tiago Reis. O casal passou um tempo na terra estrangeira e quando decidiu voltar, já foi com a ideia de abrir um restaurante que mostrasse a comida lusitana de uma forma mais variada.
O menu
O prato de combate é a francesinha, sanduíche nascido na região do Porto na década de 1950 pelas mãos do cozinheiro Daniel David Silva. Ele teria morado na França e, de volta à terra natal, inventou o lanche recheado com carnes e embutidos para homenagear o país que o acolheu por um tempo. Mas tem um detalhe em relação à receita francesa: um molho espesso e apimentado que leva diversos ingredientes, até mesmo bebidas alcoólicas.
Na Taberna Lusitana, as versões levam bife bovino, frango ou filé suíno com bacon, linguiça portuguesa, ovo frito. E são acompanhadas por batatas fritas e pelo molho, conforme manda a tradição. Os lanches saem entre R$ 55 e R$ 65. Já a vegetariana, elaborada com mix de legumes, sai a R$ 44. E dá para pedir molho extra, por mais R$ 6,50.
Mas Francesinha nem é tão novidade assim por aqui. Pelo menos não tanto quanto a estupeta de atum curado (R$ 68) com o peixe fresquíssimo, marinado em açúcar mascavo com flor de hibisco e servido com cebolas confitadas, tomates e cestinha com pães feitos na própria casa. Adorei a entradinha leve, que combina com o calor de Brasília.
Outra que pedi foi o Vôngoles ao Bulhão Pato (R$ 31) , no qual os mariscos são salteados no azeite, alho, vinho branco e mostarda, acompanhado por cestinha de pães. Mas as opções passam ainda por putaniscas de bacalhau, preparada com o pescado desfiado
Pedi também o bolinho de molho béchamel recheado com chorizo, servido com geleia picante de tomates (R$ 28). Bem gostoso, mesmo com a textura um pouco mole para o meu gosto. O Pica-Pau é mais substancioso, com cubos de carne ao vinha d´alhos salteado com alho cebola, pimentões coloridos, acompanhados por cesta de pães. Na próxima vez, eu experimento estes e ainda os sanduíches de porco, tábuas com embutidos, punheta de bacalhau também são boas pedidas para petiscar antes do prato principal.
Falando neles, Bife à Cervejeira, cabrito assado ao forno, caldeirada de peixe, frango piri-piri com molho levemente picante e Polvo à Lagareiro figuram nesta parte da lista, dividindo a atenção com o bacalhau. O Leitão à Bairrada também e dever ser encomendado (R$ 195) e chega à mesa com batata portuguesa, laranja e saladinha da casa, a R$ 195 por quilo.
Não resisti e acabei pedindo o Bacalhau à Taberna com lombo de bacalhau sobre cama de brócolis, alho gratinado com maionese da casa, arroz branco e batatas ao murro. Esta e as outras porções podem vir a R$ 95, para uma pessoa, ou R$ 180 para duas.
Os doces
No rol das sobremesas também há opções diferentes como a Baba de Camelo (R$ 24,90). Quem gosta de doce de leite, pode se jogar. A Brisas do Liz (R$ 19,90) é típica da cidade de Leiria com ovos, açúcar e amêndoas e o pão de ló de Ovar (R$ 29,90) tem como surpresa um creme de gemas moles por dentro. Ah, mas não tem pastel de natas? Tem e sai a R$ 12,90. Não provei por motivos de falta de espaço no estômago, tendo em vista que os pratos são bem servidos. Mas quando visitar a casa novamente, vou nele e também no queijo Serra da Estrela com doce de abóbora (R$ 71,40).
Para acompanhar tudo, tem carta de vinhos predominantemente portugueses, elaborada pela Porto a Porto, que tem boa oferta do país, tanto em variedade quanto em preço. O mixologista Gustavo Guedes é o responsável pela concepção dos drinques, cujos nomes fazem referências a expressões ou cidades do país. O Alfacinha tônica, que homenageia Lisboa, leva cordial floral com laranja, limão, hortelã e tônica de gengibre (R$ 31). Já o Óbidos Negroni (R$ 33) chega à mesa com bourbon, vermute rosso, campari e ginjinha, um licor de cerejas típico da cidade homenageada.
No resumão da história, vale a pena conhecer a casa. E voltar. O preço é bacaninha, ainda mais se for um grupo maior para que se possa degustar os vários sabores diferentões.
Serviço:
SCLS 412, bloco C, Loja 17
Telefone: (61) 98123-6353
Funciona diariamente, das 11h30 às 23h30
Instagram: @taberna.lusitana
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