Pegando fogo: gastronomia de Brasília prepara surpresas
A cena se recupera com a abertura de novas casas, como a pizzaria da Castália, a sanduicheria da Vinny´s, e novas unidades do AHA Cafés
atualizado
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Um ano e meio após o fechamento de estabelecimentos de alimentação fora do lar, por causa das restrições contra a pandemia da Covid-19, o mercado gastronômico pega fogo. Sim, o susto foi bem grande, não há como negar. Muitas casas encerraram as atividades, especialmente aquelas em que a gestão já andava meio capenga antes da crise sanitária.
Outros estabelecimentos que conseguiram sobreviver ainda vivem um período de atenção e de cintos apertados. Mas, a cada dia, chegam notícias de aberturas de novos negócios, em formatos tradicionais ou diferenciados. Já o consumidor, ainda que tenha exercitado a verve culinária na própria cozinha durante nos últimos meses, está ávido para viver novas experiências, conhecer lugares e sabores inusitados. Afinal de contas, somos seres sociáveis e viver sem sentir e explorar é muito chato.
Nesta coluna, decidi trazer à luz algumas iniciativas que Brasília vai conhecer em breve e até mesmo expansões para outras terras. Garanto que comida boa não faltará.
Saindo do forno
O chef boulanger Eduardo Tavares passou os últimos meses estudando a pizza para formatar o menu do novo empreendimento. Ele e os sócios inauguram na primeira quinzena de novembro a Castália Pizza e Cerveja, que vai ocupar parte da loja onde funcionou o Antonieta Café, na 708/709 Norte. “As massas serão produzidas com farinha italiana, com fermentação natural e método biga. E o menu será simples, com os ingredientes falando por si só e aquela qualidade que a gente já oferece na padaria”, conta ele. Outra novidade é que a marca terá dois rótulos de cerveja, uma cream ale e uma new england IPA, desenvolvidas com o mestre Jonas de Morais e a brasiliense Cruls. A pizzaria vai abrir, a princípio, com atendimento presencial. Já o delivery será implementado cerca de dois meses depois, quando a produção já estiver bem afinada.
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O espaço será compartilhado com a torrefadora A-HA Cafés, que vai ter ainda uma cozinha própria, com refeições rápidas, elaboradas a partir de produtos da região. O horário alongado permitirá o oferecimento de café da manhã, almoço e lanche da tarde. “O menu será desenvolvido no Alto Caparaó, pelo Macalé e a Bebel, donos da marca”, afirma Estela Simões. A princípio, a loja da 204 Norte continuará aberta e vai herdar alguns pratos da nova unidade, para incrementar o atendimento. O piso inferior, que atualmente abriga a torrefação, servirá para cursos de barista, mestre de torra, latte arte, atendimento e degustação sensorial, a partir do primeiro semestre de 2022.
Além da pizzaria e da cafeteria, o espaço contará também com a representação das máquinas de café La Marzocco.
Sanduíches da Vinny´s
Sandy´s é a nova empreitada de Vinícius e Raquel Campos, o casal que comanda a Vinny´s, na 205 Sul. A marca, instalada na loja ao lado da pizzaria que conquistou há pouco tempo o selo da Associazione Verace Pizza Napoletana (AVPN), foi inspirada nas delicatessens nova iorquinas e vai contar com ambiente charmoso para atendimento presencial, e um janelão que será destinado ao sistema de retiradas. “No cardápio, vamos ter pastrami e outros embutidos, algumas receitas com pegada mais oriental, releituras de sanduíches famosos ao redor do mundo e criações inéditas”, adianta Raquel.
Mas não é só isso. Os clientes poderão pedir drinques, entradinhas, sobremesas e as pizzas napolitanas da marca irmã, tendo em vista que parte do ambiente será comum na área posterior, com acesso ao jardim delicinha, onde ocorrem noites de jazz, e ao bar. A abertura deve ocorrer em 45 dias. “A loja está superbonita. A decoração é bem clean, com essa atmosfera gostosa das delis americanas, e uma luz bem intimista. A fachada é independente e quando o cliente vai mais para o fundo, tem a surpresa da integração com a área da Vinny´s”, revela Raquel. Vamos aguardar!
Voa, Le Birosque
O pontapé inicial da expansão do Le Birosque está próximo. Nascida na Quituart e sucesso na cidade, graças ao trabalho do chef Luiz Trigo e da porqueta que ele prepara com maestria, a casa tem como novo sócio o chef Rodrigo Sanchez, do Grupo Rocks. A união com o empreendimento, especializado em entregar uma comida artesanal, personalizada e em grande escala a hospitais, restaurantes e supermercados, vai dar fôlego para a abertura de uma unidade, provavelmente na Asa Sul. A ideia, fomentada por Trigo há alguns anos, é unir a sua expertise em carne suína com a veia italiana. Então, o menu vai ter porco e pasta, para alegria de quem ama uma boa comida sem frescura.
A volta do Toca
Falando em Quituart, o Toca do Chopp está prestes a reabrir as portas. Fechado desde o início da pandemia, o bar volta a operar no sábado (16/10), sob o comando do chef Claude Capdeville. Petiscos imperdíveis como o torresmo com bastante carne e pele crocante, a coxinha e o quibe estarão por lá, para a alegria dos frequentadores do espaço gastronômico. Fora isso, o chope é sempre gelado. Anote, para uma ida nos fins de semana.
Sônia Takata no Loi
Especialista em confeitaria, a chef Sônia Takata será a sous chef do restaurante que Salvatore Loi abrirá em Brasília, na segunda quinzena de outubro. A profissional foi professora do Senac e chefiou a produção de pães e doces do B Hotel, à época da abertura, e participou da Copa do Mundo de Confeitaria na França, em 2019. No início de 2020, mudou-se para São Paulo para compor o corpo docente de La Cordon Bleu. “Ela tem uma grande experiência para ensinar e isso me dá garantias. É uma pessoa bastante séria”, diz o cozinheiro italiano em entrevista exclusiva.
A casa de Loi está com as obras a pleno vapor. A cozinha envidraçada promete ser uma grande atração, assim como o jardim, que já conta com uma fonte como aquelas das praças italianas. Ao todo, o restaurante terá 120 lugares e o atendimento será bem informal com jogos americanos em papel nas mesas.
Das entradas às sobremesas, serão 30 pratos no menu. “Este é o sistema que mais tem funcionado. É possível fazer um melhor controle do que sai ou não e reformular. Mas o foco sempre é a qualidade, porque no fim das contas, o cliente quer comer bem e pagar um preço justo”, analisa o chef. Vai ter focaccias, entradas, saladas, massas frescas, sem contar a lasanha e o nhoque de vitela com molho de tomates, que acompanham o chef há anos, e o carbonara, “que todo mundo gosta”. Um menu executivo já está previsto também, para um atendimento mais rápido e otimizado no hora do almoço.
Enquanto a casa não fica pronta, Loi está às voltas com a escolha de fornecedores locais, especialmente pequenos, para garantir o maior frescor aos preparos. “Quero fazer um trabalho com eles para desenvolver seus produtos, assim como venho fazendo em São Paulo. O mercado de Brasília é superaquecido e creio que eles vão querer a minha ajuda neste sentido para que possam atender a outras demandas”, comenta o chef. Aguardando, ansiosamente.
Namoros
Tenho notícias de que dois chefs estão tendo conversas com empresários locais para trazerem seus restaurantes para Brasília. Um deles é o francês Claude Troisgros. Ele está às voltas com as gravações de seus programas e, por isso, enviou à capital federal o seu filho Thomas, que visitou a esquina da 403 Sul. O local que abrigou o Piantas pertence ao advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e passou por uma boa reforma durante a pandemia. A previsão inicial era de que seria instalada ali uma das marcas ligadas ao chef Rodolfo de Santis, de São Paulo, mas o acordo acabou não acontecendo. Minhas fontes me disseram que esta nova negociação pode vingar. Aguardemos os próximos capítulos.
Outro que está em conversação com investidores brasilienses é Saulo Jennings, da Casa do Saulo Tapajós (Alter do Chão), Onze Janelas e Quinta de Pedras, no Pará. Premiado pela Prazeres da Mesa em 2019 como o melhor restaurante do Norte do país, o empreendimento é especializado em cozinha amazônica, com pratos recheados de tucupi, aviú, jambu, chicória e pirarucu. Minha boca já está cheia d´água. Venha, Saulo. Venham todos!
Exportação
É numa casa no bairro boêmio do Rio Vermelho que Mariana e Daniel Braga vão instalar a segunda edição do Hidden em Salvador. O projeto nascido em Brasília será aberto no dia 6 de outubro e irá funcionar por 16 semanas. Nove chefs da capital baiana irão se revezar na cozinha com criações exclusivas, a cada quinze dias. Já a carta de bebidas contará com vinhos de várias nacionalidades, cervejas especiais e drinques. Os 22 lounges, organizados nos 500 metros quadrados do imóvel, atenderão 150 pessoas por dia. Alguns deles têm vista para a Praia da Paciência. Por aqui, a próxima edição do evento só terá início em maio de 2022, quando a próxima seca chegar.