Misto dos restaurantes Fuego e ´A Mano, Fà começa a atender no Mané
Outras operações recentes do mercado são a Tudo do Porco e a Capre Risotteria
atualizado
Compartilhar notícia
Prestes a concluir os primeiros três meses de funcionamento, o Mané, Mercado Vírgula, acaba de completar a lista de marcas anunciadas desde antes da abertura, ocorrida em fevereiro. Nessa terça-feira (26/4), entrou em atividade oficialmente o Fà, híbrido da casa de carnes Fuego (112 Sul) e do italiano ‘A Mano (411 Sul).
Estive lá na quarta-feira (27/4) para conhecer o espaço e conferir o menu. E fui sem referências, porque visitei o ‘A Mano uma vez apenas num evento de vinhos e ainda não desfrutei de nenhuma refeição no Fuego.
O ambiente, localizado numa das pontas do mercado, segue a linha idealizada pela Bloco Arquitetos. É aberto, despojado, sem firulas. Num dos lados, abriga uma adega com vinhos importados pela Del Maipo, que detém a exclusividade de comercialização da bebida no Mané, e uma sala para o preparo das massas frescas, que são o forte da operação italiana. Perpendicularmente estão o bar e a parrilla, de onde saem os cortes de Angus e alguns outros preparos na brasa.
Já o menu da casa leva a assinatura do chef argentino Pepe Sotelo, que chegou ao Brasil para comandar o Fuego desde a sua abertura, depois de colocar o restaurante Don Julio, onde trabalhou por mais de 20 anos, como o 11º melhor da América Latina e 13º na lista do 50th Best, em 2021.
O que provei
A estrutura do menu me pareceu bem composta. Na parte de petiscos e entradas, há um mix entre as duas propostas. Há desde porção de arancini (R$ 36), bolinho elaborado a partir de um risoto, com abóbora e queijo de cabra, até as tradicionais salteñas, empanadas argentinas (R$ 14 a unidade).
Para fugir do lugar comum, que envolve ainda croquetas, burratas, carpaccios, fui de Batuta de Carne (R$ 49), uma versão de steak tartar com pedaços maiores de filet de angus, cobertos por crocante de cebolas e um picles de cebola roxa, e acompanhados por tubérculos crocantes. O garçom tempera a porção quando esta chega à mesa, misturando pimenta moída na hora, sal e azeite. Senti ainda um toque de limão siciliano, que deve já ter vindo da cozinha. Proposta interessante, mas achei alguns pedaços um tanto fibrosos, então creio que cabe uma revisão na forma de cortar a proteína.
Também pedi como entrada o palmito na parrilla (R$ 28). Os quatro pedaços vieram um tanto brancos para quem esteve próximo ao fogo, mas estavam bem macios, com um banho de manteiga clarificada e uma acidez bem gostosa. Com um tostadinho da brasa, creio que seriam ainda melhores. Na próxima, pedirei uma das linguiças do Pepe, como o chorizo parrillero (R$ 27), com carne suína e bovina e especiarias.
Após as entradas, o menu segue mais setorizado. Primeiro aparecem os risotos, sendo dois deles o de frutos do mar com molho pomodoro (R$ 89) e o de funghi com crocante de castanha (R$ 71); e massas frescas, como a lasanha com fonduta de queijo e molho roti (R$ 65) e o ravióli de ricota com amêndoas e creme de legumes (R$ 58). Também há segundos pratos, a exemplo do espeto de camarões envoltos em bacon e servidos com abobrinha, berinjela e tomates (R$ 95) e o corte suíno assado em baixa temperatura e servido com feijão branco e crosta de pão (R$ 72).
Na parte mais argentina, o menu traz cortes como ojo de bife, assado de tira, costela, dentre outros, que pesam entre 200g e 600g e saem de R$ 49 a R$ 139, com direito a molho roti, vinagrete ou chimichurri. Escolhi, no entanto, a bondiolita de cerdo (R$ 42), corte extraído da sobrepaleta suína, com tempero do chef. Acompanhei com aligot (R$ 33) e farofa de bacon com cebola (R$ 22).
A carne estava extremamente macia e bem condimentada, do jeito que eu gosto, e o purê de batatas com queijo gruyère, bastante elástico e saboroso. Senti falta de um toque de manteiga ou azeite na farofa, que poderiam extrair mais sabor da cebola e do bacon e conferir mais suculência ao preparo.
Para a sobremesa, achei interessante pedir os morangos assados na parrilla com uma calda de Campari, creme de mascarpone e merengue assado (R$ 29). Estava bem boa, mas quem tem restrições ao amargo, que não é o meu caso, pode estranhar um tantinho. Para os que preferem doces com alto teor de açúcar, o menu oferece panquecas de doce de leite e o creme brulê perfumado com limão siciliano. A mousse de chocolate é elaborada com chocolate amargo, porém se vale da versão branca e ao leite para o crocante que a acompanha. Todas saem a R$ 29.
Também tem
Quem também abriu as portas há pouco tempo no Mané foram as marcas Tudo do Porco e a Capre Risotteria. A primeira, como o nome já entrega, é dedicada à carne suína e também aos embutidos. Daí que é possível pedir desde uma linguicinha artesanal de pernil (R$ 65, com 500g) para acompanhar uma cervejinha, até uma tábua repleta de embutidos para quatro pessoas a R$ 250, passando por sanduíches.
Um deles leva sobrepaleta defumada e cozida por 16 horas, e servida no pão com barbecue e coleslaw (R$ 45). Eu provei a versão da marca para o sanduíche de mortadela, aquele clássico paulistano. Chamado de “O Mercadão”, vai com pão francês recheado por 300g de embutido e 100g de queijo prato (R$ 45). Serve como uma refeição, viu? Falando na hora do almoço ou do jantar, dá para comer ainda o arroz de charcuteiro (R4 42) e o bacalhau gadus morhua finalizado com presunto espanhol (R$ 65).
Na Capre, embora as estrelas do menu sejam os risotos, também há uma variedade de entrada como o atum selado, servido com maionese de batata roxa, aioli de wasabi e guacamole, furikake e alga nori (R$ 55) e o arancino trufado com queijo de cabra (R$ 33). Provei o risoto negro com tinta de lula, hortelã, mozzarella de búfala, servido com tentáculos de polvo, lula crocante, raspas de limão e sweet chili (R$ 89). Achei bem interessante a mistura de sabores. Já o Pink (com beterraba, queijo de cabra, alho-poró, furikake e raspas de limão – R$ 55) é menos intenso, mas ainda saboroso. Embora seja um prato vegetariano, creio que também ficaria ótimo com frutos do mar por cima. Fica a dica.
Mané, mercado vírgula
Endereço: Eixo Monumental, entre o estádio Mané Garrincha e o Ginásio Nilson Nelson. Funciona de domingo a quarta, das 12h às h; quinta a sábado, das 12h às 2h. As operações gastronômicas atendem até duas horas antes do fechamento do mercado. Instagram: @manebrasilia
Para mais dicas de gastronomia, siga @lucianabarbo no Instagram.